Veja o posicionamento do Facebook sobre a derrubada de páginas do gabinete do ódio
"Nossa investigação encontrou ligações a pessoas associadas ao Partido Social Liberal (PSL) e a alguns dos funcionários nos gabinetes de Anderson Moraes, Alana Passos, Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro", diz comunicado do Facebook
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247 - O Facebook tirou do ar nesta quarta-feira (8) 88 contas e páginas com operações ligadas a funcionários de Jair, Flávio e Eduardo Bolsonaro, o chamado gabinete do ódio.
A rede social publicou também um comunicado no qual esclarece as medidas tomadas contra páginas bolsonaristas. "Identificamos vários grupos com atividade conectada que utilizavam uma combinação de contas duplicadas e contas falsas – algumas das quais tinham sido detectadas e removidas por nossos sistemas automatizados – para evitar a aplicação de nossas políticas. A atividade incluiu a criação de pessoas fictícias fingindo ser repórteres, publicação de conteúdo e gerenciamento de Páginas fingindo ser veículos de notícias. Os conteúdos publicados eram sobre notícias e eventos locais, incluindo política e eleições, memes políticos, críticas à oposição política, organizações de mídia e jornalistas, e mais recentemente sobre a pandemia do coronavírus. Alguns conteúdos publicados por essa rede já tinham sido removidos por violação de nossos Padrões da Comunidade, incluindo por discurso de ódio".
"Identificamos essa atividade como parte de nossas investigações sobre comportamento inautêntico coordenado no Brasil a partir de notícias na imprensa e referências durante audiência no Congresso brasileiro. Ainda que as pessoas por trás dessa atividade tentassem ocultar suas identidades e coordenação, nossa investigação encontrou ligações a pessoas associadas ao Partido Social Liberal (PSL) e a alguns dos funcionários nos gabinetes de Anderson Moraes, Alana Passos, Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro", disse o Facebook sobre movimentações no Brasil.
Leia o comunicado na íntegra:
Removendo comportamento inautêntico coordenado
Por Nathaniel Gleicher, diretor de Cibersegurança
Hoje, removemos quatro redes distintas por violação de nossa política contra interferência estrangeira e comportamento inautêntico coordenado. Elas se originaram no Canadá e Equador, Brasil, Ucrânia e nos Estados Unidos.
Em cada um dos casos, as pessoas por trás da atividade coordenaram entre si e utilizaram contas falsas como parte central de suas operações para se ocultar, e é com base nessa violação de política que estamos agindo. Quando investigamos e removemos tais operações, nos concentramos no comportamento, e não no conteúdo – independentemente de quem esteja por trás dessas redes, qual conteúdo elas compartilhem, ou se elas são estrangeiras ou domésticas.
A maioria dessas redes que removemos hoje mirava audiências domésticas em seus próprios países e estava ligada a entidades comerciais e pessoas associadas a campanhas políticas ou gabinetes de políticos com mandato. Temos descoberto e agido contra figuras políticas por comportamento inautêntico coordenado, e sabemos que elas continuarão tentando ocultar a origem de sua atividade. Campanhas domésticas como essas são particularmente desafiadoras ao ofuscar a linha entre o debate público saudável e a manipulação. Nossos times continuarão a procurar, remover e revelar campanhas coordenadas de manipulação. Mas sabemos que se trata de um desafio que vai além da nossa plataforma e nenhuma empresa pode enfrentar sozinha. Por isso, é importante que tenhamos discussões amplas na sociedade sobre quais são os limites aceitáveis no campo do debate político e o que podemos fazer para impedir que as pessoas os ultrapassem.
Nos últimos três anos, temos compartilhado sobre as redes de comportamento inautêntico coordenadas que detectamos e removemos de nossas plataformas. Em 2019, anunciamos a remoção de mais de 50 redes em todo o mundo, algumas delas antes de eleições em grandes democracias. No começo deste ano, começamos a publicar relatórios periódicos nos quais divulgamos informações sobre todas as redes de comportamento inautêntico coordenadas que removemos ao longo de cada mês, para facilitar o acesso desse trabalho a todas as pessoas em um único lugar. Além disso, em alguns casos como os de hoje, divulgamos nossas ações no momento em que estamos aplicando nossas políticas e removendo de nossas plataformas as redes que foram identificadas. Você pode encontrar mais informações sobre relatórios anteriores sobre a remoção de redes de comportamento inautêntico coordenadas aqui.
Estamos compartilhando informações com autoridades e parceiros da indústria. Estamos avançando no combate a esse tipo de abuso e comprometidos a seguir em frente.
O que identificamos até aqui
1. Removemos 41 contas e 77 Páginas no Facebook e 56 contas no Instagram por violarem nossa política contra interferência estrangeira, que se trata de comportamento inautêntico coordenado em favor de uma entidade estrangeira ou governamental. Essa atividade teve origem no Canadá e Equador, e mirava El Salvador, Argentina, Uruguai, Venezuela, Equador e Chile.
Essa rede usava uma combinação de contas reais e falsas, algumas das quais já tinham sido detectadas e removidas por nossos sistemas automatizados. Essa operação – que também estava ativa em outras plataformas na internet – aparentemente era ativada em torno de eventos cívicos específicos como eleições, em algumas ocasiões postando conteúdos sobre os dois lados do debate político, e então abandonava ou interrompia sua atividade. A rede usava contas falsas para que parecessem nativos dos países-alvo, postava e curtia o próprio conteúdo, direcionava as pessoas para sites fora das nossas plataformas, e gerenciava Páginas se fazendo passar por veículos independentes de notícias e entidades de pesquisa nos países envolvidos. Algumas das pessoas por trás da atividade criaram múltiplas contas sob seus próprios nomes. A rede postou conteúdos sobre notícias domésticas e eventos, incluindo política, ativismo, elogios e críticas a candidatos políticos, eleições, governo da Venezuela, suporte e críticas ao presidente do Equador, partidos políticos da região incluindo o Farabundo Martí National Liberation Front em El Salvador, o Partido Justicialista na Argentina, e o Partido Progresista no Chile.
Identificamos essa rede como parte de nossas investigações internas sobre comportamento inautêntico coordenado na região. Apesar de as pessoas por trás dessa atividade tentarem esconder suas identidades e a coordenação, nossa investigação encontrou ligações de consultorias políticas e ex-funcionários do governo do Equador e a Estraterra, uma empresa de Relações Públicas baseada no Canadá. Essa empresa está agora banida de nossas plataformas.
- Presença no Facebook e Instagram: 41 contas e 77 Páginas no Facebook e 56 contas no Instagram
- Seguidores: Cerca de 274.000 contas seguiam uma ou mais dessas Páginas no Facebook e 78.000 pessoas seguiam uma ou mais dessas contas no Instagram
- Publicidade: Cerca de US$1,38 milhão gasto com anúncios no Facebook, a maioria em dólares americanos.
2. Também removemos 35 contas, 14 Páginas e 1 Grupo no Facebook e 38 contas no Instagram que estavam envolvidas em comportamento inautêntico coordenado no Brasil. Essa rede era direcionada a audiências domésticas.
Identificamos vários grupos com atividade conectada que utilizavam uma combinação de contas duplicadas e contas falsas – algumas das quais tinham sido detectadas e removidas por nossos sistemas automatizados – para evitar a aplicação de nossas políticas. A atividade incluiu a criação de pessoas fictícias fingindo ser repórteres, publicação de conteúdo e gerenciamento de Páginas fingindo ser veículos de notícias. Os conteúdos publicados eram sobre notícias e eventos locais, incluindo política e eleições, memes políticos, críticas à oposição política, organizações de mídia e jornalistas, e mais recentemente sobre a pandemia do coronavírus. Alguns conteúdos publicados por essa rede já tinham sido removidos por violação de nossos Padrões da Comunidade, incluindo por discurso de ódio.
Identificamos essa atividade como parte de nossas investigações sobre comportamento inautêntico coordenado no Brasil a partir de notícias na imprensa e referências durante audiência no Congresso brasileiro. Ainda que as pessoas por trás dessa atividade tentassem ocultar suas identidades e coordenação, nossa investigação encontrou ligações a pessoas associadas ao Partido Social Liberal (PSL) e a alguns dos funcionários nos gabinetes de Anderson Moraes, Alana Passos, Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro
- Presença no Facebook e Instagram: 35 contas, 14 Páginas e 1 Grupo no Facebook e 38 contas no Instagram
- Seguidores: Cerca de 883.000 contas seguiam uma ou mais dessas Páginas no Facebook, cerca de 350 pessoas se juntaram ao Grupo, e cerca de 917.000 pessoas seguiam uma ou mais dessas contas no Instagram
- Publicidade: Cerca de US$1.500 gasto com anúncios no Facebook, pago em reais
3. Também removemos 72 contas e 35 Páginas no Facebook e 13 contas no Instagram que estavam envolvidas em comportamento inautêntico coordenado na Ucrânia. Essa rede era direcionada a audiências domésticas.
As pessoas por trás dessa atividade usavam contas falsas – algumas das quais tinham sido detectadas e desabilitadas por nossos sistemas automatizados, incluindo por discurso de ódio e por serem contas impostoras. A rede usava contas falsas para criar pessoas fictícias, postava em Grupos e Páginas, comentava seu próprio conteúdo, buscava evitar a aplicação de nossas políticas e gerenciava Páginas. Algumas dessas contas passaram por mudanças significativas de nome. Essa rede foi particularmente ativa nas eleições presidenciais e parlamentares da Ucrânia em 2019. Os administradores das Páginas e os donos da contas postavam memes políticos, sátiras e outros conteúdos sobre a Crimeia, a Otan, política econômica na Ucrânia, política doméstica e eventos como as eleições, crítica e apoio a vários candidatos, incluindo Volodymyr Zelensky, Yulia Tymoshenko e Petro Poroshenko.
Identificamos essa atividade como resultado de nossas investigações internas sobre comportamento inautêntico coordenado na Ucrânia. Nossa análise se beneficiou de informações públicas e outras que foram compartilhadas conosco por autoridades na Ucrânia. Embora as pessoas por trás dessa atividade tentassem esconder suas identidades e a coordenação, nossa investigação encontrou ligações com a Postmen DA, uma agência de publicidade na Ucrânia.
- Presença no Facebook e Instagram: 72 contas e 35 Páginas no Facebook e 13 contas no Instagram
- Seguidores: Cerca de 766.000 contas seguiam uma ou mais dessas Páginas no Facebook e cerca de 3.800 pessoas seguiam uma ou mais dessas contas no Instagram
- Publicidade: Cerca de US$1,93 milhão gasto em anúncios no Facebook e Instagram, principalmente em dólares norte-americanos
4. Finalmente, removemos 54 contas e 50 Páginas do Facebook e 4 contas no Instagram que estavam envolvidas em comportamento inautêntico coordenado nos Estados Unidos. Essa rede era direcionada a audiências domésticas.
As pessoas por trás dessa atividade usavam contas falsas – algumas das quais tinham sido detectadas e desabilitadas por nossos sistemas automatizados -, fazendo se passar por residentes na Flórida. Elas postavam e comentavam seu próprio conteúdo, buscavam evitar a aplicação de nossas políticas e administravam Páginas, incluindo uma com links para o Proud Boys, grupo de ódio banido do Facebook em 2018. Algumas das Páginas dessa rede aparentam ter comprado falsas curtidas para que seu conteúdo parecesse mais popular e tinham um grande número de seguidores do Paquistão e Egito, para aparentar ser mais populares do que eram.
Há indícios de que a maior parte da atividade dessa rede – que também estava ativa em outras plataformas na internet – ocorreu entre 2015 e 2017. Desde então, a maioria dessas contas está dormente, e algumas delas foram apagadas pelos usuários. Os administradores das Páginas e os donos das contas publicaram conteúdos sobre política local na Flórida, Roger Stone e suas Páginas, websites, livros e aparições na imprensa, uma lei sobre terras e recursos hídricos na Flórida, materiais hackeados divulgados pelo Wikileaks antes da eleição norte-americana de 2016, os candidatos de 2016 nas primárias e na eleição geral, e o julgamento de Roger Stone.
Começamos a avaliar essa rede como parte de nossa investigação sobre as tentativas do Proud Boys de voltar ao Facebook, depois que eles foram banidos da plataforma. Identificamos o conjunto total desta rede após a divulgação de mandados de busca referentes à investigação do ex-procurador especial Robert Mueller em resposta a uma petição conjunta do The New York Times, CNN, the Associated Press, The Washington Post e Político. Nossa investigação encontrou ligações a Roger Stone e associados.
- Presença no Facebook e Instagram: 54 contas e 50 Páginas no Facebook e 4 contas no Instagram
- Seguidores: Cerca de 260.000 contas seguiam uma ou mais dessas Páginas no Facebook e cerca de 61.500 pessoas seguiam uma ou mais dessas contas no Instagram
- Publicidade: Pouco menos de $308.000 em gastos com anúncios no Facebook e no Instagram, pagos em dólares norte-americanos
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