Tucker Carlson é tão propagandista quanto qualquer outro na MSM

Artigo de Caitlin Johnstone

Jair Bolsonaro e Tucker Carlson
Jair Bolsonaro e Tucker Carlson (Foto: Reprodução/Twitter)


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Um artigo de Caitlin Johnstone publicado originalmente no www.caitlinjohnstone.com. Traduzido e adaptado por Rubens Turkienicz exclusivamente para o Brasil 247

O fabulosamente popular especialista de direita da Fox News Tucker Carlson agitou o seu show de propaganda contra-China mais uma vez, apresentando (https://www.youtube.com/watch?v=dG3xObeOVtE) a sua entrevista com o presidente direitista do Brasil, Jair Bolsonaro, com um desabafo psicótico contra Beijing; se fosse sobre Moscou, teria parecido perfeitamente à vontade, mesmo dentre os dementes especialistas liberais da imprensa dominante durante o auge da histeria do Russiagate, por volta de 2018. Antes de tentar ajudar Bolsonaro a reverter as suas sondagens abismais de opinião pública (https://www.france24.com/en/live-news/20220624-brazil-s-lula-holds-wide-lead-over-incumbent-bolsonaro-poll) contra o seu oponente de esquerda Lula da Silva para a eleição presidencial em outubro próximo, Carlson avançou a alegação completamente sem evidências que “a China tem estado ocupada com a sua própria pauta – conquistar o mundo.” Todos os fatos em evidência mostram que a China não está trabalhando para “conquistar o mundo” (isto é o que os EUA [https://caitlinjohnstone.substack.com/p/the-real-one-world-government-conspiracy?s=w] estão fazendo [https://caitlinjohnstone.substack.com/p/mike-pompeos-revealing-hudson-institute], mas, diferentemente disso, a China está trabalhando para fazer surgir uma ordem mundial multipolar (https://www.counterpunch.org/2021/10/20/what-are-the-prospects-for-peace-an-interview-with-abby-martin/) que não seja mais dominada por um único país hegemônico unipolar; quando você vê nos detalhes, na verdade isto está perfeitamente alinhado com a pauta declarada de Beijing (https://multipolarista.com/2022/02/07/china-russia-multipolar-historic-meeting/) sobre a multipolaridade. O fato da China estar ocupando mais espaço no palco mundial só parece ser um ataque notório quando visto através de um prisma de visão de mundo que acredita que o planeta é propriedade do governo dos EUA.

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A alegação de Carlson de que a China tem uma pauta para “conquistar o mundo” também é absurda até na sua aparência, porque é uma alegação sem sentido de que Beijing tem observado o colapso do império estadunidense sob o seu próprio peso, ao queimar-se em poucas décadas com as suas tentativas frenéticas de dominar o globo e pensando “Ei, isso parece incrível, vamos fazer isso.”

Carlson também tornou mais ridícula ainda a alegação de que “os Chineses tiveram sucesso em re-colonizar o continente inteiro da África.” Carlson não se dá ao trabalho de explicar como a África inteira foi “re-colonizada” pela China, enquanto o continente continua sendo dominado militarmente (https://www.farsnews.ir/en/news/14000321000571/Margare-Kimberley-AFRICOM-Agains-Every-African-Anywhere) pelo Comando África (AFRICOM) dos EUA e economicamente pelo Banco Mundial, o FMI (https://www.aljazeera.com/opinions/2020/11/26/it-is-time-to-decolonise-the-world-bank-and-the-imf) e os plutocratas (https://twitter.com/isgoodrum/status/1252265844433776641) e corporações ocidentais (https://medium.com/illumination/neocolonialism-how-western-corporations-are-exploiting-africa-d0e197af1950).Claramente, o governo chinês não é operado por mártires auto-sacrificantes que nada ganham com os projetos de infraestrutura chineses na África, mas é absurdo (https://twitter.com/NoColdWar/status/1533877434176749574) colocar isto no mesmo nível que os EUA dominando o continente com dezenas de bases militares (https://archive.ph/irTZH) e aglomerando forças militares de procuração (https://thegrayzone.com/2021/09/13/us-oil-rich-nigeria-proxy-africa/) e o neo-colonialismo esmagador (https://www.greenleft.org.au/content/how-imf-world-bank-make-africa-sick) do Banco Mundial e do FMI (http://policyalternatives.ca/sites/default/files/uploads/publications/National_Office_Pubs/africa.pdf). Qualquer um que tenha feito alguma pesquisa intelectualmente honesta sobre p desenvolvimento de infra-estruturas chinesas na África (https://chroniclesofhaiphong.substack.com/p/how-the-west-distorts-the-china-africa), sabe que esta é muito mais benéfica mutuamente (https://www.qiaocollective.com/education/chinaandafricareadinglist) e muito mais ética (https://www.moonofalabama.org/2021/02/claims-of-chinese-debt-trap-diplomacy-are-propaganda-told-you-so.html) do que os sistemas ocidentais de opressão que vem explorando o continente há séculos.

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“Assim sendo, por que o New York Times não está escrevendo estórias sobre qualquer uma destas coisas?” - pergunta Carlson sobre os horrores na África que ele inventou na sua cabeça. “Você sabe por que? - porque o New York Times está do lado da China.”

Carlson está mentindo. Esta alegação dele de que o The New York Times está “do lado da China” rvela tanto sobre a natureza fraudulenta do populismo de merda de Carlson. Não é necessário nada mais do que uma rápida busca de palavra-chave “China” no website do NYT (https://www.nytimes.com/topic/destination/china) para mostrar que aquele veículo de imprensa tem produzido freneticamente artigos (https://twitter.com/caitoz/status/1543040440810647552) que só podem ser descritos como sendo agressivamente críticos da China – como este (https://archive.ph/HW7Pm), este (https://archive.ph/fmlk0#selection-627.0-627.53), este (https://archive.ph/tNyGS) e este (https://archive.ph/uAxkr), só para escolher alguns exemplos dos últimos dias.Você vê como isso funciona? Carlson se retrata como um herói anti-establishment que está compartilhando com os seus telespectadores um conhecimento que eles jamais ouvirão dos elitistas do The New York Times, ou daqueles gatos gordos de Washington; então, ele vai adiante para contar a eles coisas que estão em perfeito alinhamento (https://caitlinjohnstone.substack.com/p/the-us-empires-ultimate-target-is?s=w) com as pautas daquelas instituições do establishment. Você vê como isto engana os seus telespectadores, fazendo-os acreditar que estão recebendo um “scoop” interno daquilo que os poderosos realmente estão fazendo por trás de portas fechadas, enquanto os manipulam para alinharem-se às metas de longo-prazo dos poderosos?Eu tenho alguma sobreposição com o público de Carlson porque eu critico algumas das mesmas coisas que ele – como a guerra por procuração dos EUA na Ucrânia - , então, alguns dos meus leitores ficam confusos e incomodados quando eu digo que ele [Carlson] é tão propagandístico quanto os inventores de notícias do império na CNN e na MSNBC. Porem, se você for ver o que Carlson faz a cada dia, você começa a notar que ele só critica algumas ações imperiais que as quais alguns setores populistas de direita nos EUA se opõem, enquanto que ele continuamente conduz, como um cão pastor de ovelhas, aquela audiência para apoiar as pautas do establishment – como a guerra fria com a China, a legitimação da política eleitoral bipartidária [republicanos e democratas] e para manter todos de olhos fixos na insípida besteira da guerra cultural.

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Não há uma meta mais importante para o império oligárquico para que assegurar a hegemonia dos EUA do que impedir a ascensão da China, e não há uma figura mais eficaz para fabricar o consenso em relação àquela meta do que Tucker Carlson. Ele ganha credibilidade ao parecer lutar contra o poder, e depois usa esta credibilidade roubada para ajudar a fabrica consenso ao redor das pautas de maior prioridade para os poderosos.

E é justamente este o tipo de comportamento que você esperaria ver da parte de alguém cuja vida tem estado cheia de uma sobreposição altamente sombria (https://www.mintpressnews.com/tucker-carlson-biography-nicaragua-cia/279782/) com a CIA e que efetivamente admitiu (https://theweek.com/speedreads/689969/tucker-carlson-tried-join-cia) ter se candidatado a entrar na CIA.Carlson apresentou Bolsonaro como um líder que se opõe a “permitir que o Brazil se torne uma colônia da China”, implantando a ideia de que isto é uma coisa real nas mentes da sua crédula audiência. A China está dominando o mundo e as poderosas elites políticas e da mídia corporativa querem que a China domine o mundo – então, a melhor maneira de lutar contra estas elites é apoiar a luta contra a China. Para nada importa fato que a porra do Pentágono diz abertamente (https://news.antiwar.com/2022/03/29/china-identified-as-top-threat-in-new-national-defense-strategy/) que a China é o inimigo número um dos EUA e que toda a classe política/midiática está firmemente alinhada com a pauta de impedí-la.

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A campanha de propaganda contra a China tem se aquecido silenciosamente em fogo baixo, enquanto que todos se focalizam na Rússia e na Ucrânia. À cada tanto, eu menciono a China nas mídias sociais e as respostas que eu recebo daqueles que escutam a Tucker Carlson e os seus companheiros especialistas da “direita populista” são simplesmente espantosas na sua estupidez e na sua quente emocionalidade branca.

Na verdade, eu não estou ansiosa para saber quando as miras de tiro imperiais se moverão para Beijing – em parte pela razão auto-evidente que isso será extremamente perigoso e economicamente desastroso, mas também porque será excruciante ser enxameada por todos estes patetas de cérebros lavados nas minhas respostas. Eles já foram enlouquecidos e estarão sendo movidos de maneiras muito mais loucas à medida que esta campanha de propaganda ganhe cada vez mais impulso.

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Se você caiu neste ardil, não é tarde demais dar um passo atrás e dar-se conta que você não tem recebido bravos comentários anti-establishment do mais proeminente especialista da imprensa de Murdoch. Qualquer um que lhe diga que a resposta correta para o seu instinto de que as coisas estão bagunçadas é votar para um dos dois partidos dominantes dos EUA, para consumir mídias corporativas de massa e odiar os inimigos do seu governo, está claramente trabalhando para enganá-lo.

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