Tentativa de intimidação do Exército contra revista Época é 'ameaça à liberdade de expressão', diz ABI
Presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Paulo Jeronimo, disse que a tentativa de intimidação feita pelo chefe do Centro de Comunicação Social do Exército, general de divisão Richard Nunes, contra a revista Época "representa uma ameaça à liberdade de expressão e ao direito à crítica”
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247 - O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Paulo Jeronimo, reagiu, por meio de nota, à tentativa de intimidação feita pelo chefe do Centro de Comunicação Social do Exército, general de divisão Richard Nunes, que nesta segunda-feira (18) enviou uma carta à revista Época exigindo retratação por um artigo intitulado “Na pandemia, Exército volta a matar brasileiros”, assinado pelo jornalista Luís Fernando Vianna. Segundo Jeronimo, “o tom intimidatório da carta representa uma ameaça à liberdade de expressão e ao direito à crítica”.
O texto da nota destaca que as Forças Armadas não estão imunes a críticas “como, aliás, nenhuma instituição deve estar. Ou não se poderia desaprovar o papel do Exército na ditadura militar que atropelou a democracia e torturou e matou opositores políticos? Ou não se poderia censurar o fato de que, no atual governo, grande número de militares ocupa funções civis para as quais não têm qualificação profissional?
“Assim, sem necessariamente encampar as críticas contidas no artigo, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) se solidariza com o seu signatário e com a revista, registrando que o tom intimidatório da carta representa uma ameaça à liberdade de expressão e ao direito à crítica”, finaliza o texto
Leia a íntegra da nota da ABI sobre o assunto.
ABI reage à intimidação
O chefe do Centro de Comunicação Social do Exército, general Richard Nunes, enviou nesta segunda-feira uma carta à revista “Época” exigindo retratação de um artigo assinado pelo jornalista Luís Fernando Vianna.
O texto traz críticas à atuação do Exército, tanto em episódios passados, como no momento atual.
As Forças Armadas são uma instituição fundamental da nação e nenhum brasileiro comprometido com a construção de um país soberano deve perder de vista a sua importância. Assim, não deve interessar a ninguém ver o Exército achincalhado.
Isso não pode significar, no entanto, que ele esteja imune a críticas – como, aliás, nenhuma instituição deve estar. Ou não se poderia desaprovar o papel do Exército na ditadura militar que atropelou a democracia e torturou e matou opositores políticos? Ou não se poderia censurar o fato de que, no atual governo, grande número de militares ocupa funções civis para as quais não têm qualificação profissional?
À ABI parece evidente que – assim como a recusa do Exército em fazer papel de capitão do mato para capturar escravos fugidos ou a heroica participação das Forças Armadas brasileiras na luta contra o nazifascismo devem ser sempre valorizadas e elogiadas – nada impede que o comportamento do Exército em outros momentos seja objeto de avaliação negativa.
Assim, sem necessariamente encampar as críticas contidas no artigo, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) se solidariza com o seu signatário e com a revista, registrando que o tom intimidatório da carta representa uma ameaça à liberdade de expressão e ao direito à crítica.
Paulo Jeronimo – presidente da ABI
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