Tão Gomes Pinto: “Na minha época não existia o PIG”
Em entrevista, jornalista diz que na época em que dirigiu a revista Imprensa, há 11 anos, "não havia esse conflito que tem hoje. Essa história de PIG, mídia golpista..."; leia a íntegra

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247 – Em entrevista concedida à revista Imprensa, veículo que já dirigiu, há 11 anos, o renomado jornalista Tão Gomes Pinto afirmou que o conflito entre veículos de comunicação "atrapalha muito" e faz com que a verdade fique "comprometida". Segundo ele, na época em que dirigiu a Imprensa, não existia "essa história de PIG, mídia golpista". Leia sua entrevista, concedida a Luiz Gustavo Pacete, no Portal Imprensa ou abaixo:
"Na minha época de IMPRENSA não existia o PIG", lembra Tão Gomes Pinto
Luiz Gustavo Pacete
O jornalista Tão Gomes Pinto representa uma geração de jornalistas de vanguarda. Fez parte da equipe que fundou a Veja e depois a Istoé. Cobriu acontecimentos importantes e pode presenciar momentos históricos tanto na história mundial, quanto na própria maneira de se fazer jornalismo.
Tão também foi diretor da revista IMPRENSA em um dos momentos mais importantes na história do jornalismo: o atentado às torres gêmeas, em setembro de 2001. Ele lembra que naquela época conseguiu encontrar uma foto que a grande imprensa do Brasil ignorou. Era um fotógrafo correndo de uma imensa nuvem de poeira.
Presente na celebração dos 25 anos da revista, Tão lembra os avanços que ele percebeu na publicação, principalmente do ponto de vista gráfico. Ele vê hoje um veículo que apresenta textos leves e mais ágeis.
Em entrevista à IMPRENSA, Tão lembra o desafio de escrever para jornalistas e alerta que os jornais continuam dando notícias velhas.
IMPRENSA – Como era ter que escrever para jornalistas há 11 anos, tempo em que o senhor dirigiu IMPRENSA?
Tão Gomes Pínto – Fiz entrevistas com Heródoto Barbeiro, Armando Nogueira e outros grandes nomes do jornalismo. Naquela época não havia esse conflito que tem hoje. Essa história de PIG, mídia golpista... não existia nada disso.
Essas divisões entre os meios atrapalham na qualidade da informação?
Sem dúvida, atrapalha muito. A verdade fica comprometida. Ou melhor, a verdade não existe. Não dá para fazer um jornalismo objetivo. Você manda dois repórteres cobrir um acidente de trânsito e terá textos e pontos de vista completamente diferentes. E o jornalismo hoje caminha para um lado muito ruim, de declarações e aspas. E jornalismo não pode ser feito com aspas.
Sua visão é otimista quanto ao financeiro dos veículos?
O momento no Brasil ainda é bom, mas crise está aí e ela atinge diretamente as publicações porque prejudica o anunciante que deixa de comprar espaço publicitário. Você vê que muitos meios estão demitindo. Não é um caso isolado. Acredito que a situação vai se agravar.
Assustam as mudanças tecnológicas?
Não me assustam, só que vai chegar o dia em que jornal vai ser uma coleção de fotos e pouco texto. Talvez, exista uma reserva de mercado para quem quer mais análise e opinião, mas o jornal diário do jeito que é feito hoje em dia é totalmente inútil. Eu assino três jornais e eles estão empilhados. O que eles publicam pela manhã eu já vi durante o dia anterior na internet e em sites de prestígio como o El Pais.
O que você diz das revistas semanais, sendo que duas delas você ajudou a fundar?
As revistas hoje se partidarizaram e se tornaram defensoras de bandeiras. Você tem a CartaCapitalde um lado e uma série de produtos para o nicho que ela atende. Tem a Veja na outra ponta, tem aÉpoca tentando ficar no meio, mas não consegue porque a briga ficou feroz e partiu até para agressões pessoais. Com isso a informação vai ficando de lado, desprezada.
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