Risco de monopólio na mídia no Paraná

Grupo Paranaense de Comunicao, dono do principal jornal paranaense e de oito afiliadas da TV Globo, compra trs concorrentes remanescentes; expanso do conglomerado pode colocar em risco pluralidade de informaes

Risco de monopólio na mídia no Paraná
Risco de monopólio na mídia no Paraná (Foto: Edição Ana Pupulin/247)


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Diego Iraheta _247 - A diversidade de opiniões nos jornais e na TV paranaenses está ameaçada. O ultrapoderoso Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCOM) anunciou nesta semana a compra de mais dois jornais e um portal do estado. Agora, além da Gazeta do Povo – maior tiragem do Paraná – e de oito emissoras afiliadas à TV Globo, o GRPCOM contará com a força da concorrência: os récem-adquiridos Tribuna do Paraná, O Estado do Paraná e o portal Paraná-Online. Também integram o que pode constituir uma perigosa fonte única de informações duas emissoras de rádio, o Jornal de Londrina e o online Gazeta de Maringá.

“A imprensa não vai ser completamente livre se está nas mãos de pouquíssimas pessoas”, analisa o diretor-presidente do Sindicato dos Jornalistas do Paraná, Márcio Rodrigues. Para ele, o monopólio da comunicação no estado é inevitável com a expansão do GRPCOM. “O jornalismo é uma das pontas de lança da democracia; a concentração dos meios de comunicação faz mal para a própria democracia”, alerta.

Jornalistas que não fazem parte do time oficial da GRPCOM temem a retomada da “ditadura” da Rede Paranaense de Televisão – afiliada da Globo no Paraná. Ao longo das duas gestões do governador Jaime Lerner (1994-2002), os laços entre poder e imprensa foram bastante estreitos. Em desabafo reproduzido em diversos blogs, o repórter Ricardo Vilches, da TV Record, relembra a campanha da Rede Paranaense a favor da construção do Anel de Integração Rodoviário do estado e da praça de pedágio no norte do estado. Era uma proposta de Jaime Lerner que foi amplamente acolhida pela Rede Paranaense – sem direito a contraponto.

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“A situação chegou a tal ponto que, em 2001, a TV Globo do Rio de Janeiro precisou intervir nas afiliadas do Paraná, tamanha a canalhice da cobertura de fatos relacionados aos desvios de dinheiro público na prefeitura de Londrina e no governo Lerner”, denuncia Ricardo Vilches. A promíscua relação entre mídia e governo teria mudado assim que Roberto Requião assumiu como governador, em 2003.

O fantasma do monopólio de informações volta a rondar o Paraná com o crescimento do GRPCOM. “Passado. Quem poderá dizer ao certo? Não os concorrentes, pois estes não existem mais”, avalia Vilches.

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O Brasil 247 aguarda um posicionamento da poderosa corporação paranaense sobre o impacto da compra de mais três veículos para a pluralidade de informações no estado. Em nota oficial, o vice-presidente executivo do GRPCOM, Guilherme Döring Cunha Pereira, afirmou que “sempre foi um sonho” ter jornais segmentados. “A Tribuna do Paraná, O Estado do Paraná eo portal Paraná-Online vêm para ocupar este espaço e ampliar nosso portfolio de produtos”, disse.

Os contrapontos na internet

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Diferentemente da era Lerner, as visões tolhidas pela imprensa hoje podem ir diretamente para as redes. A internet permite que ocorra a comunicação sufocada pela grande mídia, nos veículos tradicionais de imprensa. Por isso, a alternativa para os paranaenses que quiserem ampliar o escopo de ideias e opiniões sobre questões locais é recorrer a blogs independentes, como de Esmael Morais, e mídias sociais.

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