Reinaldo veste a carapuça e responde com a elegância tradicional: "estúpido"

Ainda há tempo para dar um conselho a José Serra: rompa suas relações com o blogueiro que fez sua rejeição ir tão longe e pode levá-lo a uma ilha deserta; neste sábado, ao responder a um artigo de Ricardo Mendonça, na Folha, Reinaldo devolveu com patadas

Reinaldo veste a carapuça e responde com a elegância tradicional: "estúpido"
Reinaldo veste a carapuça e responde com a elegância tradicional: "estúpido" (Foto: Edição/247)


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247 – A rejeição de 52% a José Serra tem nome e sobrenome: Reinaldo Azevedo. Foi a aliança do tucano com o que há de mais sórdido, vil e rasteiro na imprensa brasileira, representado pela figura do blogueiro canino da Editora Abril, que o isolou do público e dos eleitores. Silas Malafaia, Augusto Nunes e a administração Kassab são acessórios. A rejeição a Serra é fruto da retórica do ódio e da política da baixaria. Neste sábado, de forma elegante, o jornalista Ricardo Mendonça, da Folha de S. Paulo, colocou o dedo na ferida, ao tentar explicar a rejeição a Serra. E Reinaldo Azevedo vestiu a carapuça, respondendo com um texto fiel ao seu estilo: “estúpido”. Segue abaixo:

Um texto estúpido! Ou: Campanha eleitoral envergonhada, oblíqua e eticamente dolosa!

Ricardo Mendonça, editor-assistente de “Poder” da Folha, escreveu um dos textos mais estúpidos que li nos últimos tempos. Não! Não é estúpido porque eu discorde dele. Eu já discordei de muita coisa que achei inteligente e bem pensada, embora recusasse o mérito. É estúpido porque afronta os fatos.

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Segundo o Datafolha, a rejeição a Serra em São Paulo é de 52%, número de que duvido. Mas vá lá. Mendonça tenta especular sobre os motivos. Segundo diz, não seria só a renúncia à Prefeitura porque, ao deixar o cargo, o tucano se elegeu governador com votação consagradora. Fato! Também não seria só a reprovação ao governo Kassab, uma vez que 42% consideram sua gestão ruim ou péssima — índice inferior ao daquela suposta rejeição.

Então Mendonça resolveu ter uma ideia, a saber:
“Serra sempre associou sua imagem a temas libertários. Era o ex-líder da UNE, o intelectual caçado por Pinochet, o ministro que combateu a Aids. Desde 2010, porém, sua figura, suas campanhas e seus neoaliados aparecem majoritariamente ligados a outras pautas. Repúdio visceral ao aborto, supervalorização de alianças evangélicas, escandalização de um kit contra o preconceito. Por que o eleitor não haveria de desconfiar?”

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Não sei quem é Mendonça, que idade tem ou o que pensa da vida. Não me interessa! Aí está um parágrafo intelectualmente delinquente, que tem de entrar para a história dessa campanha eleitoral como exemplo da adesão envergonhada, oblíqua e eticamente dolosa de setores da imprensa a uma candidatura — no caso, a de Haddad.

Trata-se de uma adesão envergonhada porque, obviamente, o “analista” não declara seu voto — embora os mais atentos possam presumir. É oblíqua porque o autor trata suas próprias escolhas como ponto de equilíbrio e de bom senso, desprezando os fatos. E é eticamente dolosa porque faz com que sua militância pareça apenas uma análise isenta.

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A linguagem é um vírus, o que Mendonça ainda não descobriu. A escolha do adjetivo “visceral” para qualificar o repúdio ao aborto é dessas piadas involuntárias que atropelam o pensador… Eu desafio esse rapaz a encontrar uma só declaração de Serra sobre o tema que apele ao discurso rancoroso. Assim como Dilma se declarou favorável à legalização, Serra se disse contrário em 2010 porque indagado a respeito. Com muito mais ênfase do que ele, quem se pronunciou no mesmo sentido foi a evangélica Marina Silva — figura que Mendonça certamente não se atreveria a atacar. Ele pode ser irresponsável quando escreve, mas não é bobo.

Lembro que foi Serra, quando ministro da Saúde, quem cuidou da portaria que regulamentou o aborto legal no SUS — o que era uma obrigação funcional sua. Sim, era preciso disciplinar a prática autorizada pela Justiça. Quem se mobilizou em 2010 contra a legalização do aborto foram cristãos católicos e evangélicos. Quem correu para mudar de opinião e foi à Igreja rezar — embora tivesse declarado acreditar em Deus só quando ao avião balança — foi Dilma Rousseff. Tudo normal para Mendonça.

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O rapaz sugere que o suposto “repúdio visceral ao aborto” — ainda que Serra fosse notável por ser um prosélito da causa, o que é mentira — tire votos. Segundo pesquisa Datafolha de novembro de 2010, que pertence ao mesmo grupo que assina a carteira de trabalho do “analista”, 71% dos brasileiros são contrários à ampliação das possibilidades de aborto legal. Apenas 7% pensam com Dilma Rousseff. Se Mendonça visitasse a lógica de vez em quando, seria obrigado a concluir que pode ter havido um erro, sim, na campanha de Serra em 2010: NÃO TER LEVADO O TEMA PARA A CAMPANHA! O horário eleitoral do tucano não tratou do assunto.

Como não tratou agora do kit gay — que Mendonça chama de “antipreconceito”. Deve estar entre aqueles que acreditam que se deve dizer a crianças de 11 anos que ser bissexual é superior a ser heterossexual porque aumenta em 50% a possibilidade de a pessoa ter com quem namorar no fim de semana. O editor-assistente deve concordar até com a matemática antipreconceito de Haddad.

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“Escandalização”? Qual? De novo: se houve um erro, foi justamente não ter levado o filme ao horário eleitoral. Esse kit gay, já escrevi aqui, é um kit fantasma na campanha. Os jornais, a exemplo da Folha, falam dele, mas a população não conhece as surpresas que Haddad preparava para seus filhos. Mendonça também deve achar razoável que um “kit antipreconceito” leve crianças a especular sobre a, como é mesmo?, insatisfação das pessoas “com o seu órgão genital”.

Ainda que Serra tivesse levado o tema para o horário eleitoral, seria mesmo um problema? Segundo o Datafolha, 55% dos brasileiros se opõem, por exemplo, à união civil de pessoas do mesmo sexo — no caso dos homens, chega a 63%. Imaginem, então, se tomassem conhecimento de que o material que Mendonça chama “antipreconceito” defende que travestis passem a usar os banheiros femininos, inclusive nas escolas…

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Finalmente, Mendonça parece não gostar muito de evangélicos; considera-os pessoas suspeitas, que tiram votos. Mais uma vez, ele joga os fatos no lixo. Segundo a própria pesquisa que serve de base à sua análise, Haddad vence a disputa entre os… evangélicos. Como esse dado combina com a sua tese é parte dos mistérios de um juízo perturbado, que joga história, lógica e fatos no lixo.

Preconceito, preconceito de verdade, é o expresso por esse rapaz em seu texto. A política brasileira, infelizmente, é cada vez mais refém desse tipo de coisa. Imaginem Mendonça analisando a disputa eleitoral americana… Ele recomendaria aos republicanos que aderissem correndo ao Partido Democrata.

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Duvido — e não tenho nenhum outro elemento a não ser a minha convicção; é preciso ser honesto com o leitor — que a rejeição a Serra seja essa. Ainda que fosse verdade, as especulações do editor-assistente afrontam verdades factuais óbvias. Parte das dificuldades de Serra decorre do fato de que gente como Mendonça lhe atribui o que não fez e protege Haddad do que efetivamente fez.

O nome disso é campanha eleitoral envergonhada, oblíqua e eticamente dolosa se fingindo de análise isenta. E não agride só Serra, não. Trata-se de um ataque muito mais amplo. Mendonça está entre aqueles — e é editor-assistente de política de um jornal importante — que consideram que pessoas que são contrárias ao aborto, que se opõem ao proselitismo gay nas escolas e que são evangélicas devem mesmo ser alvos de desconfiança. Os leitores do jornal que compartilham de uma, de duas ou dessas três convicções devem saber disso.

Para Mendonça, sem essa gente, o mundo ficaria bem menos preconceituoso…

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