Queria comer e foi comido
Piada infame de Rafinha Bastos sobre Wanessa Camargo comeria ela e o beb pode selar seu afastamento do programa CQC, da Band; senha pode ter sido dada pelo apresentador Marco Luque, que condenou seu companheiro de bancada; o humor brasileiro perde ou ganha com a deciso?
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247 – Dias atrás, o programa CQC, da Bandeirantes, exibiu uma das piadas mais infames já vistas na televisão brasileira. “Eu comeria ela e o bebê”, foi o que disse o apresentador Rafinha Bastos sobre a gravidez da cantora Wanessa Camargo. Neste domingo, a direção da Band avalia se repreende ou se afasta em definitivo o apresentador do programa comandado por Marcelo Tas.
Aparentemente, a decisão já está tomada – e tudo indica que Rafinha, que queria comer, será comido. Não fosse assim, dificilmente o apresentador Marco Luque, que faz parte da bancada do CQC, teria tido a liberdade para divulgar a nota que soltou nesta semana. “Sobre a piada feita pelo Rafinha Bastos, no Programa CQC que foi ao ar no dia 19 de setembro, eu, como pai, entendo e apoio a revolta e a indignação do Marcus Buaiz, um homem que conheço e respeito. Se fizessem uma piada com este contexto sobre a minha família, certamente ficaria ofendido. Com certeza uma piada idiota e de muito mau gosto”, registou o comunicado.
Portanto, o clima esquentou de vez no CQC e o eventual afastamento de Rafinha Bastos levantará discussões candentes no Brasil. Afinal, o humor deve ou não ser totalmente livre? Recentemente, Rafinha esteve envolvido em outra polêmica quando disse que uma mulher deveria agradecer ao estuprador pelo favor prestado. Isso tem graça? Deve ter lugar na televisão brasileira? Incita a violência?
De acordo com a delegada Rosmary Corrêa, presidente do Conselho Estadual da Condição Feminina, sim. Ela o convidou a visitar o conselho para conhecer, de perto, as consequências que um estupro produz numa mulher. Rafinha refugou. Ele apenas enviou um comentário, por sua assessoria de imprensa: “Se os comediantes tiverem que responder por toda piada que fazem, não vão ter tempo pra mais nada na vida. Nem pra fazer comédia".
Degradação do humor
O fato é que Rafinha, protagonista do que se convencionou chamar de stand-up comedy, representa a decadência do humor no Brasil. Desde o ocaso de Chico Anysio na Globo, este sim um dos maiores gênios do humor de todos os tempos no mundo, os programas passaram a apostar na agressão gratuita ao outro – gente comum ou celebridades. Uma espécie de bullying televisivo. E o que começou com o Casseta & Planeta espalhou-se por todos os canais.
Perder o espaço na Band pode ser muito ruim para Rafinha Bastos. Graças à exposição no CQC ele foi apontado como a pessoa mais influente do mundo no Twitter e, com isso, conquistou gordos contratos publicitários, com empresas como Nokia e Pepsi. Fora do CQC, e simbolizando um humor sem graça e que provoca mais indignação do que risos, ele perderá também a atratividade comercial.
É, Rafinha.
Querias comer, mas foi comido.
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