Perda de líderes abala impérios Abril e Estadão

Sem Roberto Civita e Ruy Mesquita, dois dos maiores grupos da mídia tradicional do País chegam a suas encruzilhadas; rumores dão conta de enxugamento orçamentário de R$ 100 milhões e cortes de pessoal na Abril, onde irmãos Giancarlo e Victor disputam controle editorial sobre revistas Veja e Exame; em momento delicado, Estadão pode ter venda acelerada; novos tempos ainda estão obscuros para as duas empresas familiares

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247 – O desaparecimento no espaço de uma semana dos líderes máximos de dois dos maiores grupos editoriais do País – Ruy Mesquita, do Grupo Estado, e Roberto Civita, do Grupo Abril – apressou a chegada das duas empresas familiares a suas respectivas encruzilhadas. Ambas devem sofrer profundas alterações em suas estruturas de comando e em seus perfis corporativos a partir de agora.

No Estadão enfraquecido por nove balanços negativos nos últimos dez anos, Ruy Mesquita já estava afastado das atividades gerenciais, transferidas há tempo para Francisco Mesquita Neto. Porém, a morte do líder familiar mais identificado com a história do jornal deverá mudar a correlação de forças entre os Mesquita, que até aqui não chegaram a um consenso sobre aceitar as propostas de venda formuladas ao longo dos últimos anos. Para não perder o controle editorial, a família aceitou a presença de executivos ligados a grupos de credores no comando operacional da companhia. Os esforços deles, no entanto, só implicaram num balanço positivo no último ano. Novas conversações sobre a relação com esses credores e a possível reabertura das negociações para a venda do jornal devem ser apressadas.

Na Abril, a situação é ainda mais complexa. De seu leito no hospital Sírio Libanês, Roberto Civita determinou, seis semanas atrás, que o filho Giancarlo assumisse a presidência executiva e a presidência do Conselho de Administração do grupo, mas ele não teve tempo de completar todos os movimentos que gostaria de ter realizado. O filho Victor Civita Neto não foi contemplado no primeiro momento. Comentários dentro da editora dão conta, porém, de que ele pretende passar a ser o responsável pelo acompanhamento editorial das duas principais revistas do grupo, a semanal Veja e a quinzenal Exame. Essas publicações são as vitrines políticas da Abril, e Gianca, como é conhecido o atual presidente executivo, não teria demonstrado apetite para seguir o estilo do pai, que gostava de se reunir com os editores e inserir suas posições políticas.

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Ainda não está claro se os dois irmãos irão se acomodar ou se haverá uma disputa de posições. Enquanto os Civita se sincronizam ou não, os rumores dão conta de que o executivo Jairo Leal, cunhado de Gianca e Victor, terá suas áreas de influência reduzidas. Ele era o principal responsável pela área de publicidade da Abril, maior fonte geradora de caixa da companhia, e foi deslocado para a área de participações.

Em meio aos movimentos internos, circulou no eixo entre o velório de Civita, em Itapecirica da Serra, e o edifício da Abril a informação de que, em razão da diminuição de receitas de publicidade, a Abril terá de promover um corte de R$ 100 milhões em seu próprio orçamento. Para alcançar essa marca, seriam necessárias não poucas demissões entre os mais de 9 mil funcionários da organização. Os primeiros rumores dão conta de até mil cortes de vagas.

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Mesquita e Civita saíram de cena em meio a uma abrupta mudança da cena editorial, quando a informação via internet abala as estruturas da mídia que tem sua plataforma no papel. Com custos em alta e faturamento em queda, eles assistiram, em seus últimos anos de vida, dificuldades em seus negócios que nunca haviam enfrentado. Nem o Estado nem a Abril, porém, conseguiram adaptar consistentemente seus modelos operacionais ao novo padrão que não demanda papel, e tem custos reduzidos. Os dois grupos, por exemplo, possuem gráficas dispendiosas, que ficam tanto mais caras quando maior é a falta de demanda. A maneira como os sucessores dos dois barões da imprensa irão se defrontar com a nova realidade vai deixar claro se o momento presente é o de recuperação do brilho das duas companhias ou é mesmo o de ocaso de uma era que passou.

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