Participação dos jornais impressos no mercado publicitário caiu de 50% em 2000 para menos de 10% em 2020
Nos Estados Unidos e Brasil os jornais impressos enfrentam uma agonia acelerada. Em 20 anos, os jornais detinham metade de todo bolo publicitário. Em 2020, esse percentual caiu para menos de 10%. O coronavírus está desmantelando o que sobrou - alguns jornais informam que os anúncios caíram entre 50% e 90% em abril
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247 - Os jornais impressos estão no que parece ser a crise final de sua história. No Brasil, foi simbólico que, neste mês de junho, o jornal O Globo tenha anunciado que não distribuirá mais sua versão impressa na capital federal, Brasília.Segundo reportagem do Financial Times reproduzida pelo Valor Econômico, a agonia dos jornais atingiu o que parece ser seu ponto culminante. Em 2000, jornais e revistas ficavam com metade de todos os gastos com publicidade. Em duas décadas, sua participação nesse mercado de cerca de US$ 530 bilhões caiu para menos de 10%, com plataformas como Google e Facebook abocanhando a maior parte dos anúncios locais e classificados.
O coronavírus está desmantelando o que sobrou - alguns jornais informam que os anúncios caíram entre 50% e 90% em abril. Entre 2008 e 2019, o número de empregados nos jornais impressos nos EUA caiu para menos da metade, de 70 mil para um número abaixo de 35 mil.
A pandemia agravou o cenário e expôs a crescente divisão entre o punhado de veículos com mais de 1 milhão de assinantes cada e o resto, que vem lutando para pagar as contas. No primeiro trimestre de 2020, o “The New York Times” conseguiu 587 mil novas assinaturas digitais - mais do que todos os 100 jornais controlados pela Gannett, a maior editora tipográfica dos EUA, e mais que o número de leitores por assinaturas pagas do “Los Angeles Times” e do “The Boston Globe” juntos.
O perigo é uma divisão noticiosa entre um público pagante de elite, que é bem-servido, mas pequeno, e um público mais amplo, que depende dos provedores de conteúdo que tentam monetizar o tráfego de internet, mas poderão ter dificuldades em transmitir notícias locais em profundidade. “O jogo de tráfego [alto], [que depende de] um dólar de publicidade comoditizado funcionou em algumas circunstâncias, mas não de maneira durável, e não respaldou o tipo de trabalho que os melhores jornalistas querem fazer”, diz John Harris, um dos fundadores da “Politico”.
Rasmus Kleis Nielsen, do Instituto Reuters, acrescenta que a maioria das publicações dependentes de assinaturas vai se concentrar, primordialmente, em uma área de nicho, “custeada por um público altamente motivado, muitas vezes bastante alinhado politicamente e geralmente bastante privilegiado”.
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