Para Jô e Noblat, eleição ainda não terminou
No popular Jô Onze e Meia, Globo mostra galeria de fotos de José Serra e Fernando Haddad em campanha; tucano aparece em primeirão, sempre destacado à esquerda, ou sozinho, sem a incômoda imagem do vitorioso ao seu lado; sem exceção, cometários do apresentador foram todos elogiosos, emotivos e dirigidos exclusivamente a Serra, "um filho de feirantes"; no último quadro, jornalista Ricardo Noblat contribui com pérola reluzente para o colar analítico de 2012: "Não é querer desmerecer, mas Haddad ganhou uma eleição fácil"; ???; vai ter terceiro turno e ninguém avisou?

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247 – No domingo, a maior cidade da América Latina elegeu um novo prefeito. Todo e qualquer programa de entrevistas exclusivas sem dúvida gostaria de, apenas 24 quatro horas após a definição da eleição, ter em seu sofá um vitorioso quentindo, capaz de aquecer a audiência. Poucos teriam a chance de conseguir, já que Fernando Haddad – o vitorioso – é um só, e os jornalistas, apresentadores e humoristas que gostariam de ouvi-lo com exclusividade, nessa hora única, são dezenas ou centenas.
Ok, se você não consegue ter Haddad, mas é um paradoxo destacar com fotos exclusivas, comentários adocicados e pedacinhos da biografia, logo no dia seguinte da vitória do candidato do PT, o derrotado José Serra do PSDB. Uma gafe cujo tamanho é proporcional à audiência – e Jô Onze e Meia, na Rede Globo, tem milhões de telespectadores cativos em todo Brasil.
Ou não seria apenas uma gafe?
Logo no primeiro bloco, Jô Soares começou a exibição, no telão do estúdio, de fotos engraçadas dos candidatos em campanha. No lado esquerdo, ou seja, onde fica a informação que o olho humano capta em primeiro lugar nos movimentos de leitura e assitência de tevê, aparecia Serra. Depois, Haddad. A sessão foi fechada com cinco fotos exclusivas de Serra. Jô não fez um comentário sequer sobre Haddad, nada, zero. Mas não perdeu chances de divertir e tentar emocionar seu público em torno de Serra. "Ele é filho de feirantes", lembrou. "É o Serra fazendo boca de trompete", divertiu-se, diante uma imagem que lhe sugeriu essa imagem.
No segundo bloco, depois de apresentar um virtuoso do violino que não conhecia Ernesto Nazareh, sentou-se Ricardo Noblat no sofá do Jô. E a exposição de fotos de quase cinco minutos do primeiro bloco ganhou ainda mais sentido.
- Não é para desmerecer, mas Haddad ganhou uma eleição fácil, disse o jornalista, para quem "Serra é de esquerda". Segundo o titular do prestigiado blog do Noblat, a taxa de rejeição de 52% de Serra na capital – "maior que a do Maluf", lembrou – não deve ser explicada pela saída antecipada do tucano do cargo de prefeito, após apenas um ano e sete meses de exercício, e da mesma postura em relação ao cargo de governador do Estado, do qual saiu para concorrer à Presidência da República. Mas, sim, pelo fato de que Serra, "que é de esquerda", repita-se, na definição de Noblat, derivou para a direita.
A avaliação do resultado eleitoral teve ainda, naturalmente, longos momentos de crítica à intervenção do ex-presidente Lula na eleição de Recife.
De quebra, ao destacar a grande gafe da campanha eleitoral, o Programa do Jô exibiu um vídeo de quase dois minutos, com acréscimos de imagens de apoio, da presidente Dilma Rousseff, no palanque de Nelson Pelegrino, em Salvador, dizendo que o hoje vitorioso ACM Neto faria um governo "pequeninho".
- Foi Buylliyng da presidente, cravou Noblat, para gargalhadas do Jô e da platéia.
Click.
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