No rastro de Goebbels, colunista tentar plantar mentiras como verdades

Em artigo aqui no 247, Marcus Vinícius de Faria Felipe afirmou que em 2014 não haverá um debate de ideias, mas uma "guerra campal", provocada pelo PSDB. De onde o vidente jornalista tirou isso, ninguém sabe



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Em 19 de dezembro último, o jornalista Marcus Vinícius de Faria Felipe, ex-presidente da Agecom no governo Alcides Rodrigues (PP-GO), citando Hitler e os "sábios de Sião", publicou no site Brasil 247 artigo que merece algumas considerações, por representar opinião de alguém cujos propósitos políticos não se sabe a quem ou a que servem. Para que o leitor que não teve acesso ao texto tenha noção de seu teor, eis o subtítulo, que bem o resume: "Para derrotar Dilma ou Lula em 2014, os tucanos devem aderir a tese de que será necessário violência e oposição encarniçada".

Se arvorando em saber qual "sentimento permeia estrategistas do PSDB", o citado articulista, qual privilegiado futurologista, às vésperas do fim do mundo que em vão se anunciou, ousa afirmar que "2014 não será um debate de ideias, mas uma guerra campal", argumentando que para "estes estrategistas" (do PSDB), "é preciso ampliar o anti-petismo além dos limites atuais. E para isto vale tudo".

De onde o vidente jornalista tirou isso, ninguém sabe. Vendendo a ideia de que "a violência e a mentira como armas da política não são novidade", para defender sua tese deu-se ao trabalho de, inclusive e ao que parece ler 'Mein Kampf', do "führer", aprofundando também nas táticas nazistas para se chegar ao poder. Não precisava tanto. Até porque, talvez até por conveniência, esqueceu-se de aprofundar-se em como e por que se deu a queda do Terceiro Reich.

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Erudições descabidas a parte, o certo é que lulopetistas e agregado$ deram para se preocupar por antecipação com o PSDB. Talvez (ou certamente) por já não confiarem tanto na aliança firme e forte com o PMDB e por temerem rumos a serem tomados pelo PSB, bem como de partidos convenientemente aliados, já não tão alinhados.

Mas vamos ao que interessa: o artigo de Marcus Vinícius. Escreveu ele: "Em condições normais de temperatura e pressão, é quase impossível derrotar a presidenta Dilma Rousseff ou o ex-presidente Lula nas eleições de 2014". Sim, meu caro, mas as condições já não se apresentam assim tão "normais", e, quem sabe, advenha daí a antecipada preocupação com os tucanos, que a exemplo dos bem informados deste País, começam a sentir a anormalidade das condições antes favoráveis (à política do PT) e agora já nem tanto.

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O Brasil, que era a sexta economia do mundo, volta para a 7ª posição no PIB Mundial em 2012. Caiu porque o real se desvalorizou. O Banco Central, em seu último relatório de inflação do ano, revisou para baixo, de 1,6% para 1%, a previsão para o crescimento do PIB de 2012. Há um ano, previa expansão do PIB de 3,5%. O tal "PIBinho" já caiu (jocosamente) na boca do povo. Preocupada, a presidente quer, conforme suas próprias palavras, um "PIBão grandão" ano que vem. Sem investimento, pode ser. Precisa, portanto, fazer o dever de casa.

Analistas econômicos já destrincharam outro ponto: a inflação, que o BC previa 4,7%, termina o ano em 5,7%. "Mesmo nas previsões otimistas do BC, a inflação ficará acima do centro da meta até 2014", afirmam. "É lamentável que, tantos anos depois de ter sido derrotada, a ideia de que alguma inflação é aceitável para o país crescer ainda tenha defensores", pontuam. O Brasil virou o País dos pacotes setoriais, que beneficiam alguns setores em detrimento de outros, o que, de certa forma, gerou paralisação em alguns setores da indústria.

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Outro ponto levantado pelo jornalista em seu artigo do Brasil 247: "Não é da conta do PSDB se a presidenta Dilma decidiu dar um desconto de 21% nas contas de energia elétrica para consumidores domiciliares e indústrias: Cesp, Copel e Cemig não cederão".

Fiquemos, nesse particular (de medida populista do PT, que só visa se cacifar para a próxima eleição), com a opinião abalizada e independente da colunista do Globo Miriam Leitão: "Do ponto de vista do consumidor, a notícia não é tão boa quanto parece; do ponto de vista das empresas, é ruim o suficiente. A Eletrobras, se continuasse sendo remunerada até 2015 pelo valor do contrato atual, a R$ 90 o MWh, em média, receberia R$ 20 bilhões a mais do que na proposta de antecipação das concessões. Já o consumidor não terá em 2013 a queda que espera na conta". "Para que a conta de luz caia, o Tesouro terá que injetar dinheiro - o nosso - na Eletrobras. Como a carga tributária sobe há 20 anos, pagaremos menos na conta de luz, mas continuaremos mandando cada vez mais recursos para o governo".

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Sobre essa "profunda intervenção a pretexto de reduzir conta de luz", o Senador Aécio Neves (PSDB) já se pronunciou. Para ele, é "um risco, uma imprudência, um desatino" querer reduzir o preço da energia "à custa da insolvência do setor". "Se o governo quiser, de fato, diminuir a conta de luz, deveria cortar na própria carne, não agindo como faz costumeiramente com o chapéu alheio".

Diz mais o articulista em seu artigo: "O que conta na avaliação de certos estrategistas tucanos é criminalizar o PT, criminalizar seus líderes". "O primeiro passo foi eliminar a intelligentsia do PT. Criminalizar José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares era fundamental aos planos do PSDB. Foi este trio que participou de todas as articulações que tirariam o PT do isolamento político para uma ampla aliança que seria vitoriosa em 2002. Sem eles o PT está fragilizado".

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Ora, ora, só faltava essa. Não foi o PSDB que "criminalizou" o PT e nem "eliminou" a "intelligentsia" petista. No entendimento da Procuradoria-Geral da República e do Supremo Tribunal Federal foi a corrupção, ativa e passiva; foi a formação de quadrilha e tudo o mais apurado pela via do mensalão, escândalo nunca antes visto na história deste País. O PT foi pego com a boca na botija e por si só se "criminalizou", denunciado, é bom que se lembre, por membros descontentes da própria "ampla aliança".

Falta de aviso é que não foi. Aliás, por falar em "criminalizar", essa prática foi, sim, adotada pelo PT, que criou a CPMI do Cachoeira com o fim odioso, específico, único e exclusivo de "criminalizar" o governador de Goiás, que, é importante ressaltar, é do PSDB. O PT tentou "criminalizar" Marconi Perillo, apenas e tão-somente porque este, bem-intencionado, informou a Lula, em 5 de maio de 2004 (com a devida antecedência, portanto) sobre a existência de pagamento a deputados para que trocassem de partido e do pagamento de mesada para que votassem com o governo. Essa história, seu andar de calvário e desfecho, todos conhecem. O PT fuçou, escarafunchou, articulou, quebrou sigilos, lançou ilações, pôs o tucano em capas de revistas e primeiras páginas de jornal e não conseguiu "criminalizar" (nem incriminar) Marconi. Muito pelo contrário: deu-lhe um macro atestado público de idoneidade.

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Agora, se o "PT está fragilizado" porque não pode contar com os já "criminalizados" (que vão para a cadeia por decisão colegiada e em última instância da Corte Maior) José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, o que, de fato, o PSDB tem a ver com isso? O trio citado extrapolou quando tinha livre acesso e superpoderes no interior do Palácio do Planalto. Aqui se faz aqui se paga. Os autos falam por si com sua fartura de provas. Os três - e o demais – per si se "criminalizaram".

Por fim, tirante aspectos econômicos, às voltas com a Operação Porto Seguro (leia-se Rosemary Noronha e seus tentáculos); Marcos Valério contando o que sabe sobre os bastidores ainda insondáveis do mensalão, no plano político as coisas para o lulopetismo também não andam "em condições normais de temperatura e pressão" neste final de ano. Os desdobramentos que poderão advir dessas 'anormalidades' ameaçadoras é que preocupam petistas e lulistas.

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Fugindo de dar respostas e explicações inadiáveis, necessárias e convincentes ao povo brasileiro, o jornalista Marcus Vinícius não deixa de ter razão quando conclui que "2014 não será um debate de ideias, mas uma guerra campal". Gilberto Carvalho, Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, disse que "em 2014 o bicho vai pegar" e Lula quer retomar as Caravanas da Cidadania. Como bem disse Sérgio Guerra, presidente do PSDB, "Lula não pode fugir disso. Mesmo que tente fugir para as ruas. Toda vez que ele se aperta, corre para o populismo ideológico. Ele pode falar o que quiser para o povo, mas não pode deixar de responder as perguntas que lhe são feitas. A população quer esclarecimentos, não comícios".

Ultimamente, mais que sempre, o lulopetismo tem chamado a oposição de golpista, o Judiciário de partidarizado e a imprensa (que sonha em controlar) de mídia de direita. O jornalista Marcus Vinícius, como dileto amigo de Delúbio Soares, é apenas mais um a entoar essa surrada cantilena. É um direito dele. Deve ter lá suas razões e prementes necessidades. Não pode é dizer que o "PT está fragilizado" porque "o que conta na avaliação de certos estrategistas tucanos é criminalizar o PT, criminalizar seus líderes". Aí não. Melhor parar de ler 'naziliteratura', que, para tal, carece de ter preparo 'eruditório', como diria Odorico Paraguassu. Não vem com essa para cima do PSDB, não.

Mentiras como essas que o senhor Marcus Vinícius é convocado a plantar, contadas mil vezes, Joseph Goebbels já ensinou, correm o risco de se tornarem verdade. Por isso essa extensa - e necessária - consideração. Inclua o PSDB fora dessas e de outras, por favor.

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