Nassif: novo pacto prevê Bolsonaro domesticado e pacto ultraliberal
Para o jornalista Luís Nassif, a chegada de Jair Bolsonaro ao poder contou com "a violência radical da ultradireita mundial, desenhada por Steve Bannon" e com o "aprofundamento interno das reformas liberais, desenhada pelo arco político montado para o impeachment de Dilma Roussef”
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247 - O jornalista Luís Nassif, editor do GGN, avalia que a chegada de Jair Bolsonaro ao poder contou com “duas pernas”. “A primeira, a violência radical da ultradireita mundial, desenhada por Steve Bannon. A segunda, o aprofundamento interno das reformas liberais, desenhada pelo arco político montado para o impeachment de Dilma Roussef”, diz.
Para ele, “a ultradireita mundial criou um roteiro para os candidatos a novos ditadores” ao criar “-se uma nova institucionalidade caótica, em que as demandas passam a ser condicionadas por estratégias articuladas junto às redes sociais, visando explorar os caminhos da democracia, de tomada de poder pelo voto, para posterior destruição do regime democrático”.
Nassif observa que nesta linha foi construída uma “aliança com o ultraliberalismo, interessado em desconstruir as regulações criadas ao longo das últimas décadas, mas empenhado em manter o regime democrático, aquele em que mais facilmente controla, com sua influência sobre partidos políticos, Judiciário e mídia”.
“Esse movimento golpista foi em um crescendo até ser contido por três poderes: a Justiça, através dos inquéritos abertos por Alexandre de Morais, do Supremo Tribunal Federal, e as investigações sobre a rachadinha pelo Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro; as Forças Armadas, não endossando a tentativa frustrada de golpe de Bolsonaro, semanas atrás; a Câmara, de Rodrigo Maia, derrubando seguidamente vetos de Bolsonaro; e as Organizações Globo, denunciando as mazelas do governo”, destaca.
Nassif também relembra que “na última década, a bancada política do Supremo – Gilmar Mendes, Luis Roberto Barroso, Luiz Fux, Dias Toffoli – divergiam nos meios e concordavam nos fins. “Por “fins” entenda-se uma visão ultraliberal da economia, com redução dos gastos sociais, desmontagem do sistema sindical, destruição da Consolidação das Leis do Trabalho”.
“No último ano, o Supremo teve papel chave no desmonte das estatais, ao contornar a proibição constitucional de venda das estatais sem aprovação do Congresso, liberando a venda de empresas controladas, em um processo irresponsável de destruição de valores da empresa-mãe”, afirma.
“Agora, vai-se prosseguir no modelo clássico liberal, de destruir os direitos coletivos da população (que implica em gastos orçamentários ou em fortalecimento de movimentos e associações) e promover novo pacto em torno dos direitos individuais, investindo contra esbirros autoritários contra pessoas. É essa a característica da nova pax: doma-se o bolsonarismo, sem desmanchar o pacto ultraliberal que o levou ao poder”, avalia o jornalista.
Leia a íntegra no GGN.
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