"Não é nocaute, Fernando, porque a gente não vai se entregar", diz Fernando Brito
"Senti-me mal, de verdade, ao ver Fernando Morais tendo de baixar os punhos – afinal, também os usamos para escrever, não é? – de seu Nocaute, fonte diária de informação, coerência e entrevistas", escreveu o editor do Tijolaço
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Por Fernando Brito, editor do Tijolaço – Nestes tempos em que se lê tanto sobre as picaretagens da turma da fake news prosperando à custa de fanatismo e de “enganos” que despejaram publicidade das empresas estatais – que, aliás, odeiam – doeu muito ver a despedida do blogue Nocaute, do Fernando Morais, uma figura referencial no jornalismo e na literatura biográfica de nosso país.
Eu era ainda um estudante secundarista, há 45 anos quando ele, em 1975, lançou seu consagradíssimo A Ilha, que teve dezenas de edições, levantando as cortinas que baixaram ante nossos olhos para que não víssemos que havia Cuba, o pequeno milagre que Fidel e seus companheiros tiraram de um imenso atraso, mesmo debaixo de embargos, ameaças e discriminações, e conduziram aos níveis de educação e saúde que nós, neste imenso gigante, não conseguimos nem sonhar à época.
Vinte anos depois, o deslumbramento da leitura – repetida e repetida – de Chatô, o Rei do Brasil, uma lição embriagante das duas coisas que mais amo – jornalismo e a história de meu país – foi outro presente que recebi de meu xará.
Senti-me mal, de verdade, ao ver Fernando Morais tendo de baixar os punhos – afinal, também os usamos para escrever, não é? – de seu Nocaute, fonte diária de informação, coerência e entrevistas. Tive vergonha de estar conseguindo sobreviver e assistir um companheiro de muito mais valor tropeçar nas dificuldades que, amanhã, talvez me obriguem ao mesmo.
Mas, para nós dois, não sem luta, não sem resistência.
Abro os braços e o modesto espaço que aqui tenho para Fernando Morais, se e quando ele quiser usar estes nosso pequeno ringues para o combate. Porque dele a gente não foge e nele a gente não entrega senão a alma, o coração e a vida.
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