Na briga entre Bolsonaro e Globo, quem perde é o torcedor, diz Juca Kfouri

Para o jornalista Juca Kfouri, o torcedor é quem mais perde com a briga entre a Globo e Jair Bolsonaro. "O torcedor está confuso e já prevenido que terá de pagar caro para ver futebol", diz

Bolsonaro - Globo - Futebol
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247 - O jornalista Juca Kfouri avalia que o torcedor é quem mais perde com a briga entre a TV Globo e Jair Bolsonaro envolvendo a transmissão de jogos de futebol. Segundo ele,  “durante anos a Globo pagou pelo futebol mais do que o futebol valia” e o jogo envolvendo as seleções do Brasil e do Peru pelas eliminatórias da copa do Mundo evidenciou a situação. 

“Para que a rara leitora e o raro leitor tenham uma ideia, a Globo pagava 60 milhões de dólares por três anos de contrato para ter os direitos da Libertadores, quantia que pagava à Fox, herdeira da PSN depois que o Fifagate varreu também a Conmebol”, escreve Kfouri em sua coluna na Folha de S. Paulo deste domingo (18).

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“A confederação sul-americana, alijados seus cartolas pelo escândalo, tratou de renovar sua imagem e suas negociações. Em busca de face ética contratou uma empresa, que abriga em sua sede, e apresentou pacote em que pedia estratosféricos 1,35 bilhão de dólares, evidentemente fora de propósito, ainda mais sob as condições econômicas que assolam o planeta”, ressalta. 

Ainda segundo o jornalista, “a Globo aceitou pagar 60 milhões de dólares por ano num pacote pior do que tinha, mas com cláusula de renegociação caso o torneio fosse interrompido, como aconteceu devido à pandemia do novo coronavírus. E pediu 25% de desconto, proposta não aceita pela Conmebol”.

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“Aí, chegamos aos jogos da seleção brasileira no Brasil nas Eliminatórias, adquiridos pela Globo, assim como os da Argentina, os primeiros junto à CBF e os segundos com a AFA. Em regra, os demais jogos fora do país com as oito seleções restantes custavam 300 mil dólares. Eis que a pedida foi de simplesmente 20 milhões de dólares, 2,5 milhões por partida”, destaca.

“Então, diante da crise econômica, da queda de interesse pela seleção, o que a raquítica audiência da TV Brasil demonstrou cabalmente, viveu-se o suspense, até poucas horas antes de peruanos e brasileiros entrarem em campo” , diz o texto. “A solução está na Lei Pelé, e o dito canal público do governo federal pôs a partida no ar, com direito a vergonhoso culto à personalidade do autoritário de plantão”, completa. 

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"O torcedor está confuso e já prevenido que terá de pagar caro para ver futebol, os patrocinadores da CBF provavelmente não ficaram satisfeitos com a exposição pífia de suas marcas". ressalta. "Estamos vendo uma guerra em que todos perdem, embora de acordo com a política do governo de a tudo destruir, algo que a própria Globo demorou a perceber”, finaliza Kfouri.

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