Míriam Leitão: "Exército se submete ao bolsonarismo e dá passo para a anarquia"
"Abre-se o espaço para que outros sigam esses passos. Esse é o caminho que eles sempre abominaram, o da anarquia militar. O que o Exército fez agora foi dizer que aceita a pressão de Bolsonaro, mesmo que isso signifique desrespeitar suas próprias normas, mesmo que isso aprofunde o perigoso caminho da politização da Força", avalia a jornalista
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247 - A jornalista Míriam Leitão, em artigo publicado nesta quinta-feira (3), afirma que a decisão do Exército de não punir o general Eduardo Pazuello é um erro histórico que traz consequências graves para o país.
"Para as Forças Armadas a submissão à hierarquia, aos seus códigos e estatutos é a espinha dorsal da instituição. Se um general pode desrespeitar as normas disciplinares, o capitão também pode e, no fim, o soldado poderá. Abre-se o espaço para que outros sigam esses passos. Esse é o caminho que eles sempre abominaram, o da anarquia militar. O que o Exército fez agora foi dizer que aceita a pressão de Bolsonaro, mesmo que isso signifique desrespeitar suas próprias normas, mesmo que isso aprofunde o perigoso caminho da politização da Força", avalia a jornalista.
Míriam Leitão rebate a tese de que o o ato em que o general Pazuello participou não era político. "Aquela foi uma manifestação política. Desde o desfile de motos pelo Rio, os gritos dos seguidores, até os discursos no palanque. Era um ato de campanha política, mesmo não sendo época oficial de eleições. Pazuello sabe que foi isso que aconteceu naquele domingo. Decidiu fazer o Exército de bobo e o Comando aceitou essa desculpa", afirma.
Para ela, o episódio Pazuello "é uma linha divisória que o Exército não deveria cruzar". "Para Bolsonaro é uma vitória. Ele quer que as instituições o sigam e que abram mão da autonomia. Bolsonaro quer acabar com a diferença entre Estado e governo, e transformar a força terrestre no que ele define como “o meu Exército”. Ao ceder à pressão, o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira mostra por que foi escolhido para o lugar do general Edson Pujol. Ele aceita a pressão do Planalto", acrescenta.
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