Miriam Leitão: 'Bolsonaro é um fator desorganizador de toda a administração'

"Não é uma questão de reposição de peças. Há muitos problemas criados por ineficiência dos ministros, e o presidente em si é um fator desorganizador de toda a administração", diz a jornalista Miriam Leitão sobre a reforma ministerial promovida por Jair Bolsonaro

(Foto: ABr | Reprodução)


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247 - “O governo Bolsonaro está numa crise sistêmica. As áreas estão colapsando, nada funciona. O presidente ficou acuado pelo centrão, que queria mais espaço, e pelos movimentos do Senado contra o ex-ministro das Relações Exteriores. Cedeu, mas fez ao mesmo tempo várias mudanças e numa delas tocou numa questão sensível: a militar”, afirma a jornalista Miriam Leitão, em sua coluna do jornal O Globo desta terça-feira (30).

Segundo ela, “ demissão de Fernando Azevedo desviou as atenções do fato de que o Senado exigiu a cabeça de Ernesto Araújo e a obteve. O que é um alívio, porque Ernesto foi um desastroso ministro das Relações Exteriores”. ‘”Para não mostrar sinal de fraqueza, ele jogou a bomba para desviar a atenção”, me contou uma fonte do governo”’, ressalta Miriam Leitão. 

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“Essa fumaça toda não consegue esconder o colapso gerencial em diversas áreas. Não é apenas na política externa. Na saúde, educação, diplomacia, economia, articulação política, Casa Civil. Esse governo é incompetente, mas o nível a que chegou durante a pandemia é como se fosse uma pessoa com artérias entupidas fazendo um teste de esforço”, avalia. 

“O centrão acha que pode corrigir essa bagunça e está pedindo vários ministérios. Nos últimos dias pediu seis”, ressalta ela no texto. Segundo Miriam, “o centrão pedirá mais para apoiar um governo em desmonte. Mesmo se Bolsonaro ceder, não resolverá a crise. Não é uma questão de reposição de peças. Há muitos problemas criados por ineficiência dos ministros, e o presidente em si é um fator desorganizador de toda a administração”.

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Ainda segundo ela, a reforma ministerial feita por Bolsonaro envolveu “três movimentos”. “Agradar o centrão, acalmar o Senado, que estava em pé de guerra, e derrubar mais barreiras para o uso dos militares da ativa para demonstrar força e dissuadir adversários”, afirma.

 

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