"Mentir é uma característica dos psicopatas, e Bolsonaro tem esse perfil", diz Lucia Helena Issa

Na opinião da jornalista, Bolsonaro, além de mentir na ONU, cometeu “gafes e vexames” que envergonharam o país. Classificando os seus ataques à esquerda e ao socialismo como “patético”, ela lembra que “nos governos Lula e Dilma éramos a sexta economia do mundo”. Assista

Lucia Helena Issa
Lucia Helena Issa (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | ABr)


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Por Ricardo Nêggo Tom - A jornalista e escritora Lucia Helena Issa foi a convidada de Ricardo Nêggo Tom no programa “Um Tom de resistência” que abordou a repercussão do discurso feito por Jair Bolsonaro na ONU. A jornalista analisou alguns pontos da fala do presidente e destacou as mentiras e a distopia que permeou o conteúdo de seu pronunciamento. Para Lúcia, ao evocar mais uma vez o socialismo como o grande inimigo do Brasil, Bolsonaro recria o personagem do “Homem do saco” que, no passado, foi uma espécie de Super Nanny disciplinadora de crianças que não queria obedecer aos seus pais. “Eu estudo bastante a história do Brasil e a sua relação com os mais de 180 países e jamais o socialismo esteve presente na nossa política. As pessoas que aceitam e acatam esse tipo de discurso de ódio permitem que esse socialismo, entre aspas, atue em suas mentes como o ‘homem do saco’ e o bicho papão da nossa infância. Socialismo é quando temos a estatização dos meios de produção, a estatização dos bancos e quando temos o fim da iniciativa privada. Hoje em dia, nem a China pode ser considerada socialista ou comunista, devido ao grande número de empresas privadas que o país possui”.

Para exemplificar a falta de realismo no discurso de Bolsonaro contra a esquerda, Lucia Helena Issa lembrou que nos governos do PT o Brasil atingiu o posto de 6ª economia mundial. “Esse discurso é patético. Quando Lula foi presidente, a economia do Brasil passou a ser a sexta do mundo. Eu tenho críticas a algumas alianças feitas pelo PT, mas é inegável que nos governos Lula e Dilma tivemos crescimento econômico. E como foi bonito ver a ascensão das classes mais pobres. Foi bonito ver o filho de uma funcionária que trabalhou na casa da minha mãe se formando em medicina. Achar que isso é socialismo? Não! Isso é o que aconteceu na Itália e na França nos anos 1970, que é você tirar milhões de pessoas da miséria e da pobreza. O que houve no Brasil durante os governos de esquerda, foi uma melhor distribuição de renda, ainda que estivesse longe do ideal”, ponderou. Outro ponto do discurso de Bolsonaro na ONU que foi abordado pela jornalista foi o seu apelo à pauta moral e religiosa, sob a narrativa de que “agora o Brasil tem um presidente que acredita em Deus”, ignorando a laicidade do estado.

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Lúcia Helena entende que, “cada um cria um Deus à sua imagem e semelhança. E, no caso de Bolsonaro, ele criou um deus vingativo, cruel, sem escrúpulos, dinheirista, materialista ao extremo e incapaz de se colocar no lugar do outro. Esse é o deus construído pelo bolsonarismo. Chega a ser imoral essa tentativa de associar o bolsonarismo ao cristianismo. Me lembra uma frase de Rui Barbosa que diz: ‘De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperarem a injustiça e a desonra, o homem chega a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto’ E nós estamos voltando a esse momento em que a honra não vale nada. Uma honra que o Brasil sempre teve na ONU, por ser considerado um país conciliador e por nunca ter se esgueirado contra outros países, servindo de capacho para os Estados Unidos e seus ideais de dominação. Sempre tivemos altivez diplomática e sempre fomos um dos grandes personagens do multilateralismo. O Brasil sempre foi contra a ideia de ter uma superpotência dominando o mundo, porque isso seria péssimo para o mundo como um todo.”

Outra mentira contada por Bolsonaro na ONU, foi a de que as estatais só davam prejuízos nos governos do PT e que o BNDES era usado para financiar obras em países comunistas. Afirmações inverídicas e que podem ser refutadas com uma simples pesquisa a esses dados que são públicos e estão disponíveis para consulta. “Mentir é uma característica dos psicopatas. E Bolsonaro tem esse perfil. Essa afinidade horrível com as guerras, o prazer através da morte e essa necropolítica que caracteriza o seu governo, é típico dos psicopatas. Essas mentiras reiteradas mostram que estamos sendo governados por uma pessoa que manifesta uma total ausência de generosidade, de compaixão e de amor pela humanidade. Já ficou provado que os investimentos que o BNDES fez em outros países, deram um lucro enorme para o Brasil. O Porto de Cuba é um exemplo”, lembrou Lúcia. A jornalista observa que o discurso de Jair Bolsonaro na ONU foi recheado por várias gafes e vexames. “Foi uma vergonha para o país”, concluiu.

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