Maria Inês Nassif: Bolsonaro é o cavalo de Troia que pode deixar os militares a pé

“A história recente dá precedência aos generais na tomada do poder civil. Eles foram os criadores. Bolsonaro, a criatura”, escreve a jornalista. Ela acrescenta ainda que “a criatura devorou seus criadores. E ambos devoram a sociedade civil”

(Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)


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Por Maria Inês Nassif, no GGN - É falsa a imagem construída de Jair Bolsonaro, de líder popular de extrema-direita que ganhou as eleições e escolheu militares para ocupar a avassaladora maioria das posições de comando de seu governo. Um raciocínio invertido pode tornar muito mais compreensível a crise militar que eclodiu dentro do gabinete do presidente-capitão, com a demissão do ministro da Defesa, o general Fernando Azevedo e Silva.

Na verdade, a história recente dá precedência aos generais na tomada do poder civil. Eles foram os criadores. Bolsonaro, a criatura. Generais da ativa da mesma geração atuaram em conjunto para viabilizar o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, e ascenderam ao poder em 2018 por meio de uma campanha ganha com destruição de reputações, fake news da pior espécie e pressão direta sobre o Supremo Tribunal Federal. Some-se a isso um duvidoso atentado contra o candidato apoiado por eles, que virou a eleição quando o petista Fernando Haddad ascendia nas pesquisas. A vitória do capitão não foi simplesmente produto da sua popularidade ou de uma ofensiva bem-sucedida da extrema-direita, mas um verdadeiro trabalho de contrainformação, especialidade de uma geração de generais formada nos anos 70, quando a corporação moldou jovens militares a uma ideologia anticomunista exacerbada e fanática. Esse contingente foi centralmente treinado no combate à guerrilha e na repressão política, segundo explicação do coronel da reserva Marcelo Pimentel em entrevista ao podcast Roteirices, veiculada nos dias 17, 18 e 19 de março (acessível pelo Spotify). O coronel Brilhante Ustra não os envergonha, mas é uma referência ideológica para eles.

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Na expressão feliz do coronel reformado, Bolsonaro foi o cavalo de Troia que, na sua barriga, trouxe o Exército para a Esplanada dos Ministérios e permitiu à corporação capturar o poder civil. Agora, diz o coronel, Bolsonaro tornou-se o incômodo, o “espantalho” daqueles que articularam sua candidatura dentro dos quartéis.

Leia a íntegra no GGN.

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