Le Monde sobre desaparecimentos na Amazônia: "Bolsonaro deve ser responsabilizado por esse desastre"

Em editorial, jornal francês acusa 'clima de total impunidade' e menciona 'explosão nos casos de desmatamento e garimpo de ouro' na floresta durante governo atual

Le Monde, Dom Philips e Bruno Pereira
Le Monde, Dom Philips e Bruno Pereira (Foto: Reuters | Reprodução)


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247 - O jornal francês Le Monde subiu o tom contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) em editorial nesta terça-feira (14) sobre o desaparecimento do jornalista inglês Dom Philips e o indigenista Bruno Pereira.

De acordo com o periódico, o presidente do Brasil "não é estranho ao que se passa na Amazônia. Ele nunca negou sua visão de uma região que deve ser explorada sem piedade, custe o que custar para seus nativos ou nosso futuro climático."

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Os franceses também destacam que o vale do Javari e toda a região amazônica "estão ameaçados por caçadores e pescadores ilegais, garimpeiros e agricultura agressiva, até por missionários evangélicos determinados a converter por todos os meios os últimos representantes dos povos indígenas."

Por fim, o Le Monde cita a piora da região após o início do governo atual e reitera que Bolsonaro 'deve ser responsabilizado pelo desastre (ocorrigo com Dom e Bruno': "O desmatamento e a extração de ouro explodiram, e a monocultura da soja, sinônimo de empobrecimento dramático da terra, está corroendo a floresta. Bolsonaro também cortou os orçamentos das instituições responsáveis ​​por garantir a proteção da natureza e das pessoas e permitiu que se instalasse um clima de total impunidade que pode explicar o desaparecimento de Dom Phillips e Bruno Pereira. À medida que seu mandato chega ao fim, ele deve ser responsabilizado por esse desastre."

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Leia o editorial completo:

O desaparecimento de um jornalista e pesquisador lembra as ameaças que pairam sobre os “pulmões” do planeta e as populações isoladas que ali vivem, entre garimpo, agricultura agressiva, tráfico de drogas e a visão “desenvolvimentista” do presidente Bolsonaro.

O que aconteceu com Dom Phillips e Bruno Pereira? Os dois homens estão desaparecidos há mais de dez dias no Vale do Javari, à beira do Amazonas, próximo à fronteira que separa o Brasil do Peru. As pessoas próximas a esse emérito jornalista freelance ligado à proteção do meio ambiente e a esse renomado pesquisador, engajado defensor dos povos indígenas, temem o pior. Bem Nomeado.

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Do tamanho da Áustria, o Vale do Javari é uma região de difícil acesso. Há a maior concentração de povos isolados, sem nenhum contato com o mundo exterior. Seu número é estimado entre 300 a 500 pessoas segundo especialistas, o que significa que pesam pouco contra a máquina destrutiva que está devastando o “pulmão” do planeta, cujo destino é, no entanto, essencial na luta contra o aquecimento global.

Ao concentrar todos os males da Amazônia, o Vale do Javari tornou-se de fato uma linha de frente. Está ameaçada, como toda esta imensa região, por caçadores e pescadores ilegais, por garimpeiros e agricultura agressiva, até por missionários evangélicos determinados a converter por todos os meios os últimos representantes desses povos isolados.

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Uma zona de ilegalidade

Soma-se a isso a sombra do narcotráfico. Atravessada por comboios fortemente armados, a área tornou-se um centro de cocaína do Peru e da Colômbia, com destino ao Brasil. Esta situação crítica explica porque Dom Phillips e Bruno Pereira, ambos particularmente experientes, se arriscaram a lá ir: testemunhar incansavelmente a ameaça que paira sobre os últimos agrimensores deste paraíso perdido, bem como sobre uma biodiversidade única.

Tudo sugere que eles poderiam ter sido vítimas do que a Amazônia se tornou hoje: uma área de ilegalidade onde o crime prospera em todas as suas formas, ambientais e sociais, com trabalho forçado, prostituição, hanseníase por drogas e crimes de sangue. Este é o cotidiano, no local, de jornalistas e defensores do meio ambiente, bem como de suas famílias.

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O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, inicialmente reagiu a esses dois desaparecimentos com distanciamento culposo. “É uma aventura que não é recomendada. Tudo pode acontecer ”, declarou, antes de se resignar, sob pressão, a mobilizar o exército.

Desmatamento e garimpo de ouro

O presidente de fato não é estranho ao que pesa na Amazônia. Ele nunca negou sua visão de uma região que deve ser explorada sem piedade, custe o que custar para seus nativos ou nosso futuro climático. “O interesse da Amazônia não são os índios ou as malditas árvores, mas o minério! “ , disse ele sem rodeios em 2019.

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Essa visão “desenvolvimentista” também é paranóica. De fato, o presidente constantemente suspeita que organizações não governamentais estrangeiras e povos indígenas sejam agentes de grandes potências que gostariam de colocar as mãos nas riquezas do Brasil e impedir seu desenvolvimento.

Desde sua chegada aos negócios, o desmatamento e a extração de ouro explodiram, e a monocultura da soja, sinônimo de empobrecimento dramático da terra, está corroendo a floresta. Jair Bolsonaro também cortou os orçamentos das instituições responsáveis ​​por garantir a proteção da natureza e das pessoas e permitiu que se instalasse um clima de total impunidade que pode explicar o desaparecimento de Dom Phillips e Bruno Pereira. À medida que seu mandato chega ao fim, ele deve ser responsabilizado por esse desastre.

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(tradução do editorial pelo GGN)

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