Impeachment de Bolsonaro é inevitável, diz Merval Pereira

Jornalista também afirma que os deputados do centrão não vão pular na cova de Jair Bolsonaro

(Foto: Reprodução | Carolina Antunes/PR)


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247 – O jornalista Merval Pereira, do Globo, avalia em sua coluna deste sábado que o impeachment de Jair Bolsonaro parece ser inevitável e que ele já entrou no GPS político. Merval também afirma que nem mesmo os deputados do centrão deverão salvá-lo porque têm instinto de sobrevivência e não costumam pular na cova de um cadáver político. Saiba mais sobre o caso, em reportagem da agência Sputnik:

Para cientista político Ricardo Ismael, a prisão de Fabrício Queiroz pode deixar a família Bolsonaro “na berlinda” e provocar afastamento de aliados.

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A operação que levou à prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, na casa do advogado da família, trouxe preocupações com as implicações políticas que pode acarretar para o governo e para o presidente.

A prisão, numa operação que investiga a chamada "rachadinha" no gabinete de Flávio, acontece logo após a prisão de apoiadores de Bolsonaro.

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Para Ricardo Ismael, cientista político e professor da PUC-Rio, "o caso Fabrício Queiroz, embora o presidente Jair Bolsonaro tenha procurado reagir com serenidade, deve causar muitas preocupações".

O professor, em conversa com Sputnik Brasil, citou dois aspectos que devem geral tensões no seio da família presidencial.

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"Como se trata de um caso anterior ao exercício do mandato do senador Flávio Bolsonaro, ele não tem foro privilegiado", explicou o especialista, acrescentando que o caso, dessa forma, não será investigado no Supremo Tribunal Federal, mas na justiça do Rio de Janeiro,

"O presidente, é claro, deve ficar preocupado se essas investigações podem atingir o seu filho e ele sempre tem procurado pautar muitas das suas ações na tentativa de blindar os filhos", destacou Ismael.

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O segundo fator relevante seria o fato de Fabrício Queiroz estar "escondido numa casa em Atibaia que é do advogado Frederico Wassef, advogado do próprio Flávio Bolsonaro, no caso Queiroz, e também advogado do presidente no caso Adélio Bispo".

"Então essa é uma outra questão delicada, porque há de se perguntar se o presidente tinha conhecimento de que o próprio advogado, Frederico Wassef, estava escondendo o Fabrício Queiroz", afirmou o especialista.

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Ricardo Ismael alertou que, nos próximos meses, Flávio Bolsonaro enfrentará pressões durante as investigações no estado do Rio de Janeiro, pois o inquérito aponta que Fabrício Queiroz pagava algumas contas do filho do presidente.

"Existia portanto uma relação muito estreita entre os dois. A quebra de sigilo bancário mostra movimentação financeira entre eles. Isso é um aspecto que pode amparar inclusive uma denúncia do Ministério Público estadual na justiça contra Flávio Bolsonaro e que, como esses aspectos aconteceram antes dele ser eleito senador, ele terá que responder na justiça do Rio de Janeiro".

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Em um efeito cascata, a situação pode se agravar para o filho do chefe de Estado também no Senado, se uma representação contra o senador for aberta na Comissão de Ética da casa, inclusive com possibilidade de cassação do seu mandato por quebra de decoro parlamentar.

"A gente sabe que essa é uma questão de natureza política. Dependendo do que for revelado no curso das investigações, pode ser que haja um movimento no Senado, que já existe mas pode crescer, para cassar o mandato do senador", ponderou o interlocutor da Sputnik Brasil.

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O professor ressaltou que Fabrício Queiroz, até o momento, "tem tido uma postura de permanecer em silêncio, sem comprometer o senador Flávio Bolsonaro e tampouco o presidente".

No entanto, o cientista político acredita que, a medida em que as pressões crescem sobre sua esposa e as filhas, que também podem ser indiciadas, o ex-assessor possa mudar de postura e revelar fatos novos.

De todo modo, segundo Ismael, a prisão terá fortes repercussões, "porque Fabrício Queiroz, por muitos anos, foi muito ligado à família Bolsonaro". Para ele, também é importante considerar o aspecto político.

Enquanto no Rio de Janeiro, o principal adversário do presidente, o governador Wilson Witzel, enfrenta um pedido de impeachment e não deverá desperdiçar energias para atacar Bolsonaro, o governador de São Paulo, João Dória e demais adversários políticos, certamente "vão procurar se aproveitar do desgaste da repercussão dessa prisão e capitalizar".

No entanto, segundo o cientista político, o principal golpe contra Bolsonaro é o silêncio de seus aliados, que agora tendem a manter uma boa distância do presidente, temendo novas revelações.

"Muita gente está se colocado com cautela, sem querer se pronunciar, porque não sabe exatamente o que vai ser ainda descoberto, o que ainda vai se revelar nestas investigações. Então a tendência é que Bolsonaro seja muito pouco defendido. Até porque os parlamentares aliados no Congresso Nacional ficam receosos de aparecem fatos novos. Então a tendência é de que a família Bolsonaro fique na berlinda, com poucas pessoas assumindo o papel de defendê-los", destacou o professor.

No momento atual, as principais ameaças a Jair Bolsonaro partem do Poder Judiciário. O STF aprovou nesta semana a continuação do inquérito das Fake News. O Tribunal Superior Eleitoral ainda avalia a questão da cassação da chapa Bolsonaro-Mourão. A isso tudo se soma a investigação que atinge o senador Flávio Bolsonaro.

"Isso muda o foco do governo e do presidente, como também pode fazer com que ele se isole mais", concluiu Ricardo Ismael.

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