Humberto Matos: “me descobri marxista quando entendi o que é o estado burguês”

Criador do curso “Classe, estado e moeda: fundamentos da estrutura de dominação” e criador do canal no Youtube “Saia da Matrix”, o professor de História e militante do PSOL propõe uma “alternativa coletiva” para a superação do capitalismo. Assista na TV 247

Humberto Matos
Humberto Matos (Foto: Divulgação)


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Por Nêggo Tom, 247 - Quando o “fantasma” do comunismo volta a pautar o discurso da extrema direita no Brasil, a militância marxista vem ganhando visibilidade nas redes sociais. Com 110 mil inscritos em seu canal do Youtube (Saia da Matrix), o historiador Humberto Matos foi o convidado de Ricardo Nêggo Tom no programa “Um Tom de resistência” na TV 247. Defensor de uma esquerda radical revolucionária, mas que esteja aberta ao diálogo com segmentos politicamente sensíveis da sociedade, como, por exemplo, os evangélicos, Humberto conta como se descobriu um comunista. “Me descobri marxista quando eu entendi que eu sou pobre, quando eu entendi o que é classe trabalhadora, quando eu entendi o que é o estado burguês, quando eu entendi que a exploração do patrão sobre o empregado não é uma questão moral, mas estrutural. A partir do momento que eu entendi que vivemos num sistema que depende da exploração, eu descobri que a única alternativa seria ajudar na construção do que entendemos como elevação da consciência de classe. Ou seja, fazer com que mais pessoas passem a entender o mundo capitalista desta forma.”

O professor que hoje é filiado ao PSOL, e que já disputou uma vaga à Câmara Municipal de Porto Alegre pelo PDT em 2016, explicou o seu conceito de “alternativa coletiva” como resistência ao sistema capitalista. “Eu sou de família simples do interior do Rio Grande do Sul e comecei a me deparar com essas questões quando cheguei à faculdade de História, onde tive contato com alguns professores de orientação marxista, pude ter conhecimento sobre os textos de Marx, como o ‘Manifesto Comunista’, e construí essa minha visão de mundo. Quanto à alternativa coletiva, a questão é a seguinte: A partir do momento que a gente compreende a estrutura do capitalismo como uma estrutura baseada na luta de classe, compreendemos que a classe proprietária, dominante, embora ela possua os seus antagonismos e atue com uma concorrência interna, ela atua como classe na manutenção dos seus interesses, que é a manutenção das coisas como estão. Então, o que nos resta, a partir dessa conscientização, é a busca da construção coletiva da superação desse modo de viver. Se não for desta forma, estaremos condenados à destruição do planeta e da nossa espécie, além de níveis cada vez maiores dessa exploração.”

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O conceito de “democracia pura” defendido por Lênin, em oposição ao padrão de democracia estabelecido na sociedade, que ele chamava de “democracia de classe”, foi analisado por Humberto Matos e teve a sua concretização associada por ele, não apenas a elevação da consciência de classe dos indivíduos, mas a uma revolução popular. “A construção de uma democracia pura passa pela revolução. Nós temos que desmistificar aquela ideia de que existe democracia em abstrato. É comum entendermos dessa forma, porque nós somos forjados num mundo liberal. Temos uma educação liberal, uma justiça liberal, uma representatividade organizada em uma democracia liberal burguesa. Então, no senso comum a gente passa a compreender a democracia liberal burguesa, como sinônimo de democracia em abstrato. E isso rigorosamente não existe. O que nós temos que buscar é uma democracia proletária. Ou seja, transformar essa ditadura da burguesia em ditadura do proletariado. Agora, por exemplo, nós estamos vivendo um momento bastante pedagógico para a classe trabalhadora, onde é fácil explicar o que é a ditadura da burguesia”, avalia o professor.

O golpe contra a presidente Dilma Rousseff foi usado como exemplo pelo historiador para ilustrar como funciona a democracia liberal burguesa. “Se pegarmos o caso do golpe de 2016, veremos que tivemos dentro da própria institucionalidade liberal burguesa, dentro do funcionamento das nossas instituições, a criação de um casuísmo para se depor uma presidente, através de uma desculpa que é difícil de explicar para um trabalhador. Uma história de pedalada fiscal, onde não é possível identificar se houve dolo, onde não tem como apontar culpa, e que, tanto os presidentes que a antecederam, como aqueles que a sucederam, também fizeram. Se compararmos com Bolsonaro, que todos os dias comete um crime de responsabilidade a cada declaração dada, e que a própria CPI do Senado já desvendou outros crimes cometidos por ele, entenderemos que não estamos num sistema democrático. Esse sistema é uma ditadura da burguesia. Ela tem influência direta sobre quem elabora as leis, sobre quem executa as leis, sobre a polícia e sobre as instituições ditas democráticas. Então, quando houve interesse de um grupo que se tornou majoritário em determinado momento da burguesia, tirar do poder uma presidenta que não cometeu crime, mas que não estava totalmente alinhada aos seus interesses naquele momento, eles tiraram”, explica.

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