Golpe contra Dilma, com apoio da mídia, é o pecado original da destruição do Brasil, diz Glenn Greenwald

Segundo o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, ainda disse que Sergio Moro “foi tratado como amigo” por jornalistas brasileiros e pavimentou o caminho para Bolsonaro. “A grande fiadora disso tudo foi a mídia brasileira, que transformou Moro em herói e liderou a campanha contra Dilma”, destacou

Glenn Greenwald
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247 - Em sua coluna de estreia na Carta Capital, o jornalista Glenn Greenwald culpou a imprensa brasileira pelo impeachment de Dilma Rousseff, “que trouxe o Brasil a esta situação”. “Tudo ocorreu com o beneplácito da mídia”, afirmou.

Segundo ele, o impeachment de Dilma foi uma “injustiça histórica, cuja importância foi ofuscada pela gravidade dos eventos subsequentes”.

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“A primeira vez que usei minha plataforma para opinar sobre uma polêmica nacional foi quando o então juiz Sergio Moro vazou conversas privadas entre a então presidente Dilma e o ex-presidente Lula. Àquela época, antes da #VazaJato, não se sabia tanto sobre os abusos de Moro, mas eu, como advogado e jornalista, sabia que aquilo era absurdo. Por isso critiquei fortemente Moro em várias plataformas. Não esperava que isso fosse controverso. O abuso me parecia óbvio”, contou o jornalista norte-americano radicado no Brasil.

“Eu estava enganado: foi muito controverso. Chamou-me atenção que os jornalistas mais incomodados eram os brasileiros”, afirmou.

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Segundo ele, os jornalistas nacionais “defendiam Moro como quem defende um amigo”. “Foi aí que percebi que havia algo errado entre a mídia brasileira, a Lava Jato, Moro e o governo Dilma”, escreveu.

Greenwald lembrou ainda que “o grupo Repórteres Sem Fronteiras denunciou a própria mídia brasileira em 2017 como uma ameaça à liberdade de imprensa, argumentando que a homogeneidade ameaçava o pluralismo e o jornalismo”.

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“Considero o impeachment o pecado original que iniciou o processo de erosão democrática que se estende até hoje”, argumentou. 

“Era óbvio naquela época que a campanha pelo impeachment era um ataque à democracia. Os inimigos do PT viram a chance de conseguir o que não conseguiram nas urnas: a Presidência. Para isso, usaram táticas antidemocráticas, maquiadas com um verniz de legitimidade constitucional. Foi esse o evento que legitimou a ideia de que às vezes se pode driblar a democracia para atingir objetivos políticos. Armou-se o quadro ideal para o surgimento de Bolsonaro”, declarou.

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“Fica claro que foram Moro e seu abuso de poder, mais do que qualquer outra causa, que pavimentaram o caminho para Bolsonaro. Além de prender Lula e o tirar das eleições e dar a Bolsonaro o manto da anticorrupção, as digitais do Moro aparecem já no impeachment”, disse o jornalista. 

Ele reforçou que “a grande fiadora disso tudo foi a mídia brasileira, que transformou Moro em herói e liderou a campanha contra Dilma”. 

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“Uma democracia não necessita somente de mídia, mas de jornalismo. E isso significa questionar e investigar, não repetir e espalhar, as devoções e ortodoxias da mídia corporativa e seus mestres”, concluiu.

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