Frias condena uso da publicidade oficial na Argentina

Editorial "Cristinoduto" critica suposto favorecimento de veículos de comunicação alinhados com o governo Cristina Kirchner, em detrimento do Clarín, similar à Folha no Brasil

Frias condena uso da publicidade oficial na Argentina
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247 - Os grupos brasileiros de mídia estão cada vez mais atentos ao que se passa na Argentina, onde, no dia 7 de dezembro, o grupo Clarín, terá que se desfazer de alguns ativos para se adequar à chamada "Ley de Medios". Em editorial publicado nesta segunda-feira,  a Folha, de Otávio Frias, condena o que chama de "Cristinoduto", que estaria a favorecer grupos de comunicação mais alinhados com o governo de Cristina Kirchner. Leia:

Cristinoduto

Não bastassem as tensas relações que mantém com a imprensa oposicionista, o governo argentino revela uma face talvez ainda mais grave de sua estratégia antidemocrática e manipuladora.

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Segundo dados oficiais, possivelmente subestimados, a administração Cristina Kirchner canalizou, neste ano, cerca de 600 milhões de pesos (mais de R$ 300 milhões) para órgãos alinhados com o governo. Em alguns jornais, os recursos de publicidade oficial cobrem mais de 90% dos custos.

Publicações governistas tiveram, de 2011 a 2012, acréscimos enfáticos nas verbas publicitárias. Uma publicação da cidade de Mendoza conheceu 266% de aumento nesse tipo de receitas, se comparado o primeiro semestre do ano passado com o mesmo período de 2012.

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Somente critérios técnicos, como o volume de circulação e o público específico que se pretende atingir, deveriam orientar os governos na escolha dos veículos a serem utilizados para anúncios estatais.

Privilegiando jornais que lhe são favoráveis e diminuindo a publicidade nos órgãos de oposição, o governo Kirchner faz mais do que simplesmente revelar o que já se sabia desde suas primeiras investidas contra o grupo editorial "Clarín".

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Não se trata apenas de tentar sufocar setores que criticam o governo. Trata-se, no fundo, de desqualificar toda a imprensa.

Não haveria necessariamente nenhum escândalo se um jornal celebrasse, como fez um diário de Buenos Aires, a volta da petrolífera YPF às mãos do governo com uma primeira página veemente. Mas o fato de esse mesmo jornal duplicar a receita de anúncios governamentais descaracteriza, em tese, o próprio valor de sua opinião.

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Assim como a compra de votos de parlamentares é um atentado contra a própria lógica democrática, o "cristinoduto" atinge a imprensa argentina como instituição. Para criticar ou apoiar, a relação entre jornais e governos só se mantém saudável enquanto vale o princípio da máxima distância.

Com 18 jornais em circulação na capital, a Argentina pode, sem dúvida, dispor de uma imprensa múltipla, representativa das mais diversas correntes de opinião.

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Nenhuma instituição pluralista e independente da sociedade civil consegue sobreviver, entretanto, se depende de favores, de mesadas e mensalões oferecidos pelo Estado -cujos recursos não pertencem ao governante ocasional, mas a toda a sociedade.

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