Força das redes sociais em debate

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Diego Iraheta _247 - O barulho das redes contra a censura “antipirataria” culminou com uma decisão política pró-liberdade. O Senado norte-americano resolveu adiar, por tempo indeterminado, a apreciação das leis SOPA e PIPA, que buscavam cortar as asas dos usuários 2.0 ao restringir compartilhamentos e experimentações na web. O recuo foi uma resposta às milhares de manifestações contra a possível aprovação dessas normas de cerceamento – incluindo o protesto de grandes brands do digital, como Wikipedia, Google, Wired e Wordpress.

Essa força da internet participativa que segue extrapolando para o off-line estará em pauta na Social Media Week São Paulo, edição brasileira do maior evento mundial de mídias sociais. De 13 a 17 de fevereiro, 12 cidades em todo o mundo vão debater o universo interconectado das redes. A #SMWSP é organizada sob a batuta da agitadora digital Bia Granja, responsável pelo youPIX, maior festival de cultura de internet do País.

“A ação [nas redes] pode assustar governos e estúdios de Hollywood, que não querem seus filmes pirateados. Por uma questão histórica, eles vão querer controlar a internet... Mas não tem mais como”, analisa Bia Granja, uma das personalidades mais influentes da indústria criativa digital no Brasil. Em entrevista ao 247, ela opinou sobre a mobilização STOP SOPA, detalhou tendências no mercado de social media e adiantou a dinâmica da Social Media Week São Paulo.

Leia a íntegra:

247: Bia, a mobilização anti-SOPA e PIPA surtiu efeito, e o Congresso dos EUA adiou a votação. Esse movimento de liberdade na internet é irreversível a ponto de superar qualquer tentativa de cerceamento por governos ou indústrias?

Bia Granja: A internet empoderou as pessoas de uma maneira que nunca antes as autoridades e as grandes instituições tinham visto. Isso assusta mesmo. Em termos políticos, os governos não têm mais esse poder supremo. As pessoas estão se mobilizando de forma paralela. Às vezes, quando as pessoas não conseguem lutar por alguma coisa, por meio de uma instituição formal, elas trabalham em poderes paralelos. Essa ação pode assustar os governos, os estúdios de Hollywood, que não querem seus filmes pirateados. Por uma questão histórica, eles vão querer controlar a internet... Mas não tem mais como.

247: E mudam as instituições de poder...

Pois é, o Facebook controla os dados de todos os usuários. É uma nova fonte de poder paralelo, que usa a internet como forma de comunicação. Como tudo é muito ágil, as instituições estão nervosas, com medo. Mas esta é a tendência; não será possível baixar leis desse tipo para cercear a internet.

247: Em sites, via Twitter, Face, não param de pipocar oportunidades para trabalhar nas redes. Como está o mercado de mídias sociais no Brasil?

O mercado de social media está extremamente aquecido. Tem muita vaga rolando e muitas pessoas buscando. Isso porque, quando a gente lida social media, tem uma quantidade expressiva de dados e uma série de ferramentas para entender. Agora que a gente está começando a tentar entender o que acontece. As ferramentas das redes mudam muito rápido. O mercado de social media se renova tanto quanto as ferramentas como objeto de trabalho. As pessoas estão buscando muitos eventos curtos para se encontrar, discutir, além de criar grupos e comunidades no Facebook para trocar ideias sobre os tipos de ferramentas para usar em campanhas e sobre conteúdo prático do dia a dia.

247: E o espaço para essas oportunidades de social media é mesmo ocupado pelos mais jovens?

A Social Media Week São Paulo vai ter essa discussão. É a mesa [no Think Tank Stage] “Sérgio Valente estava certo?”. Na edição passada, o Sérgio, da DM9, disse que achava que não era uma coisa boa ter uma agência focada em digital. Ele falou que tem que fazer trabalho criativo independentemente do meio. O que vejo muito é que as pessoas mais experientes estão focadas na criação geral da publicidade, no processo criativo das marcas. Os mais jovens estão mais marcados no dia a dia da social media, com monitoramento, atualização de site, produção de conteúdo para as redes.

247: Um evento como o #SMWSP é bastante importante para apresentar cases bem-sucedidos de marcas e mostrar tendências. Na sua avaliação, qual é a principal pegada da área de social media lá fora, que vai impactar o mercado no Brasil?

O Facebook vai continuar crescendo. Não só a página, mas os aplicativos. A produção de conteúdo para todos esses meios é uma das frentes. E, também, a mistura da vida online e off-line é outra tendência. Todo mundo tem celular, o 3G está aí para permitir a inclusão digital do brasileiro. Agora, estão na moda ações relacionadas à geolocalização. Tem coisas no bairro, amigos se conhecem através de aplicativos no celular... Até um ano atrás, a gente estava focado em como juntar pessoas num lugar só. Agora, a pergunta é: o que fazer com esse pessoal?

247: Por que a opção em dividir a Social Media Week em quatro espaços diferentes – Think Tank (palestras keynotes, as principais); Learning, Brainstorm e Workshops?

A gente queria se diferenciar de outros eventos de social media. Queríamos dar palestras e debates, mas também ter mais material e ministrar conteúdo prático para o dia a dia. Então, teremos palco principal com as palestras – as keynotes – e outros três palcos para aprofundar. Foi tanta procura pelos workshops que as inscrições se esgotaram rapidamente. Nesses workshops, haverá aulas com ensino da ferramenta, para aplicar. No Learning Stage, apresentaremos cases, detalhar e ir a fundo em planejamento e produção de ações digitais. No Brainstorm Room, vamos conversar e mais conteúdo para aplicar, não só reflexão.

247: Ainda dá tempo de se inscrever, Bia?

Ainda dá tempo, sim. Olha, nós somos o único evento de social media do Brasil que é gratuito e oferece o que nós oferecemos. Reservar lugar é sempre um desafio. Workshop é aula, a pessoa tem que acompanhar do início ao fim. Por isso, restringimos o número de inscritos. Mas tem lista de espera, caso alguns inscritos não apareçam. Nos palcos, as pessoas entram de acordo com a lotação. A rotatividade é muito grande, e o trânsito entre os palcos é livre.

Serviço

A #SMWSP vai rolar no Museu da Imagem e do Som.

O endereço é: Avenida Europa, 158, Jardim Europa, em São Paulo.

Para se inscrever, acesse o site da Social Media Week.

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