Folha sai em defesa das empresas de energia elétrica

Editorial deste sábado defende que "reduzir custo da energia é importante", mas lembra que "o governo não pode impor perdas econômicas significativas aos atores envolvidos no setor"

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247 – Numa crítica à medida do governo federal que prevê a redução na tarifa de energia elétrica, o editorial da Folha de S.Paulo deste sábado começa com a seguinte frase: "Dinheiro não nasce em árvore". Apesar de defender ser "importante" a redução no custo do insumo, o jornal lembra que, ao anunciar um desconto de 20% na conta de luz dos brasileiros, o governo "precisa impor uma perda a outros atores envolvidos na cadeia energética".

O texto afirma que o discurso do estados de São Paulo (Cesp), Minas Gerais (Cemig), Paraná (Copel) e Santa Catarina (Celesc) tiveram "base em sólidos argumentos e números" para revelar o prejuízo ao aderir à proposta. A Folha conclui que é compreensível que "o Planalto viva dias de inquietação diante dos resultados frustrantes da economia na primeira metade do mandato de Dilma", mas que não se deve reduzir a energia "à custa da insolvência das empresas ou do aumento de subsídios e do endividamento dos governos".

Leia abaixo a íntegra do editorial:

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Conta elétrica

Como diz a máxima popular, dinheiro não nasce em árvore. Quando o governo federal anuncia o plano de reduzir em 20% a tarifa média de eletricidade cobrada dos consumidores, precisa impor uma perda equivalente a outros atores envolvidos na cadeia energética.

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Além da própria União, que assumiu uma redução de seus tributos sobre eletricidade, empresas geradoras, companhias transmissoras e governos estaduais foram convidados a pagar a conta.

Brasília oferecia prorrogar licenças de geração e transmissão, as quais estão para vencer ou já expiraram, e indenizar as concessionárias por investimentos mais recentes, que ainda não foram pagos -amortizados, no jargão contábil.

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Aos Estados caberia uma perda indireta de receita, pois o ICMS sobre a energia mais barata vai arrecadar menos. Além disso, alguns governos são controladores de estatais de geração, transmissão e distribuição. Tinham de decidir se a adesão ao plano seria benéfica ou prejudicial para essas empresas.

No setor de transmissão não houve recusa. Todas as companhias envolvidas -inclusive as controladas pelos governos mineiro e paranaense- aceitaram a proposta federal.

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No campo da geração, no entanto, as estatais de São Paulo (Cesp), Minas (Cemig), Paraná (Copel) e Santa Catarina (Celesc) não endossaram o acordo. Alegaram, com base em sólidos argumentos e números, que a adesão seria letal para seu equilíbrio financeiro.

O que vinha sendo uma negociação técnica das mais espinhosas tornou-se então matéria de politicagem. Num discurso inócuo, a presidente da República acusou os governadores cujas estatais não aderiram a seu plano de "imensa insensibilidade".

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Entende-se que o Planalto viva dias de inquietação diante dos resultados frustrantes da economia na primeira metade do mandato de Dilma Rousseff, indicando o fracasso das várias tentativas federais de reanimá-la. Diminuir o custo da energia decerto seria uma medida importante a devolver um pouco da competitividade perdida pelo setor privado brasileiro.

Não se pode fazer isso, todavia, à custa da insolvência das empresas ou do aumento de subsídios e do endividamento dos governos. Seria apenas mudar o problema de lugar, sem resolvê-lo.

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Usinas elétricas e companhias transmissoras deveriam compensar uma parte da redução de tarifas com ganhos de produtividade e eficiência. Mas esse é o limite sustentável de sua contribuição.

A outra parte cabe aos governos -federal e estaduais. Trata-se, também, de melhorar sua eficiência. Para cada R$ 1 de tributo abatido da energia, é preciso garantir R$ 1 de corte na despesa pública.

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Qualquer plano para baixar as contas de luz que desobedeça tais princípios basilares da responsabilidade fiscal será mero populismo.

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