Folha defende delegado retirado da chefia do Amazonas e pede demissão de Salles
Segundo o jornal, Ricardo Salles “há muito deveria ter sido demitido” e sua vitória contra o delegado Alexandre Saraiva “manchará ainda mais a imagem do país”
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247 - Em editorial nesta sexta-feira, 16, o jornal Folha de S.Paulo defendeu o delegado da Polícia Federal (PF) Alexandre Saraiva, que foi demitido da superintendência do órgão no Amazonas pelo diretor-geral, Paulo Maiurino, após enviar notícia-crime contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Ele acusa Salles de obstrução de investigação ambiental, organização criminosa e favorecimento de madeireiros. Além de Salles, Saraiva também pede a investigação do presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Eduardo Bim, e do senador Telmário Mota (PROS-RR).
Saraiva foi substituído pelo delegado Leandro Almada no comando regional.
A Folha defendeu o ex-superintendente, afirmando que ele “honrou a autonomia e o destemor que se espera de uma instituição crucial do Estado ao agir contra a inadmissível pressão do antiministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, em favor de madeireiros sob investigação”.
Segundo o jornal, Salles “há muito deveria ter sido demitido” e sua vitória contra Saraiva “manchará ainda mais a imagem do país”.
“O ministro havia adotado a iniciativa absurda de alistar-se contra a PF na companhia de empresários flagrados na maior apreensão de madeira ilegal realizada pela instituição, como se ele e o superintendente ora defenestrado não integrassem a mesma administração”, destaca o jornal.
Folha pressiona Bolsonaro
O jornal destacou ainda que Jair Bolsonaro abriu de Saraiva em defesa de Salles porque “não perde oportunidade de prestigiar quem se alinha com as bandas mais predatórias no agronegócio em desfavor das florestas”.
“Sobram evidências de que Bolsonaro atua para aparelhar a PF em defesa própria, de seus familiares e de seus aliados. Ele mesmo o indicou na famigerada reunião ministerial de abril do ano passado, cujo conteúdo veio à tona na crise que levou à saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça”, destacou.
“Mas trata-se, sobretudo, de um atentado ao serviço público brasileiro, um ato que precisa ser alvo de investigação e questionamento das instituições, entre elas Ministério Público, Judiciário e Congresso. Bolsonaro e seus acólitos aviltam o Estado, com prejuízo direto para o ambiente e a sociedade”, conclui a matéria.
Saraiva, "alvo a ser abatido" por madeireiros
Retirado do comando da Polícia Federal no Amazonas pelo atual diretor-geral Paulo Maiurino, Alexandre Saraiva é citado em troca de mensagens de madeireiros investigados pela corporação como o “alvo a ser abatido”, mostrando que o setor que o delegado fora do cargo, segundo informações da Folha de S.Paulo.
O investigado Roberto Paulino, em 2019, encaminhou uma foto do superintendente a um interlocutor de nome Guga: “Alvo a ser abatido”.
Segundo a PF, “a frase indica que todas as possibilidades para remover o superintendente da Polícia Federal no Amazonas estão sobre a mesa, em outros termos, caso as vias políticas e/ou judiciais e disciplinares não surtam efeito, não está descartado o uso da violência”.
Paulino, em outra conversa, desta vez com Humberto Jacob de Barros Oliveira, fala da necessidade em pedir ajuda a uma pessoa de nome Júlio para a tarefa. Ele seria representante dos madeireiros. “Tem que pedir para o Júlio tirar esse cara daqui. Urgente”, diz Paulino. “Ele vai quebrar todos”, responde Humberto.
As conversas integram o inquérito da operação Arquímedes, responsável pela apreensão de 444 contêineres com madeira ilegal.
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