Fernando Brito: Frente ampla não é “geleia geral”

"A direita, como não tem mais símbolos, está ansiosa por uma 'geleia geral', porque Jair Bolsonaro lhe roubou grande parte de seu eleitorado", escreve Fernando Brito, do Tijolaço. "A esquerda, por sua vez, pode abrir mão de tudo, menos de não aceitar uma solução que mantenha o bolsonarismo sem Bolsonaro"

(Foto: CUT)


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Por Fernando Brito, do Tijolaço - Não me surpreendeu – e quem leu o post que escrevi bem cedo é testemunha – a atitude de reserva manifestada por Lula ante os manifestos pró-democracia e antibolsonaristas.

Ouço, há 40 anos, que “o momento é de união”, desde que os “luas pretas” do MDB queriam que toda a oposição ao regime militar deveria ficar sob o seu “guarda-chuva”, desde que quem controlasse o cabo do guarda-chuva fossem Tancredo Neves, Thales Ramalho e Ulysses Guimarães.

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Lula também ouviu, como Leonel Brizola dizia, este convite a formarmos uma “geleia geral”, como se todos fôssemos iguais e tivéssemos os mesmos caminhos para o Brasil.

Não era assim no início dos anos 80 e não é assim agora.

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Formar uma frente exige definir identidades e marcar o ponto de separação. É como dizer: vamos juntos até ali, depois nos separamos.

O primeiro passo para a formação de uma frente com coerência é que dela não sejamos partes apenas individuais, mas como parte das instituições da democracia que queremos defender: partidos, sindicatos, associações, todas as representações que formam uma sociedade madura.

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Os últimos movimentos “geleia geral” que tivemos foram desastrosos: as “jornadas de junho” de 2013 e o impeachment de Dilma Rousseff foram caminhos que nos levaram ao que temos hoje.

A formação de uma frente, necessária e imprescindível, jamais se fará com a perda de identidade. CUT e Globo não são iguais; Fernando Henrique e Lula não são iguais. PT e MBL não são o mesmo. João Dória e Guilherme Boulos, muito menos.

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A união possível é pela preservação das liberdades democráticas e o horizonte é a normalização da vida política, que não pode ser definida pela disputa judicial-policial, mas por eleições.

É preciso que isso fique claro, ou estaremos enganando a população e apostando numa “solução” que elimine o psicopata mas mantenha a crueldade da psicopatia.

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Por deixar de lado estas diferenças de identidades as “diretas-já” terminaram em José Sarney e o antisarneysismo em Fernando Collor de Mello.

A direita, como não tem mais símbolos, está ansiosa por uma “geleia geral”, porque Jair Bolsonaro lhe roubou grande parte de seu eleitorado.

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A esquerda, por sua vez, pode abrir mão de tudo, menos de não aceitar uma solução que mantenha o bolsonarismo sem Bolsonaro.

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