Fernando Brito: Bolsonaro usa o Brasil para arrumar votos a favor de Trump

O jornalista Fernando Brito, do Tijolaço, afirma que a visita do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, à fronteira de Roraima com a Venezuela tem um "caráter nitidamente eleitoral". Também cita o "'financiamento' do Brasil à campanha de reeleição de Trump, prorrogando por três meses tarifas e cotas das importações de etanol"

Jair Bolsonaro e Donald Trump
Jair Bolsonaro e Donald Trump (Foto: Alan Snatos/PR)


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Por Fernando Brito, do Tijolaço - Jair Bolsonaro resolveu aparecer na polêmica sobre a visita, de caráter nitidamente eleitoral do Secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo à fronteira brasileira com a Venezuela.

E, claro, deixando claro que sua posição na crise envolvendo aquele país é, apenas, a de agente dos interesses dos Estados Unidos, explicitado na foto ao lado de Trump e no texto seguinte, onde, de forma sabuja, parabeniza o norte-americano “pela determinação de seguir trabalhando, junto com o Brasil e outros países, para restaurar a democracia na Venezuela”.

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Há problemas muito mais graves e urgentes, como a crescente rejeição ao acordo tão festejado por ele entre a União Europeia e o “financiamento” do Brasil à campanha de reeleição de Trump, prorrogando por três meses tarifas e cotas das importações de etanol, não por acaso produzidos na região do Meio-Oeste, onde o atual presidente tem favoritismo eleitoral.

Também no caso da Venezuela, o caso é uma espécie de “santinho eleitoral” para a parte rica da comunidade latina residente dos EUA, fortemente anticomunista e que topa qualquer ação “contra Fidel”, ainda que post-mortem.

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Nem é o caso de discutir a evidente afronta à nossa Constituição, já lembrada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a quem o deprimente chanceler Ernesto Araújo justificou-se na base dos “eles deram US$ 50 milhões e e vão dar mais 30”.

O mais preocupante é o silêncio do alto oficialato brasileiro, que sabe perfeitamente os custos de algum tipo de escaramuça contra o país vizinho que, além do desastre diplomático que representaria, poderia cobrar um alto custo militar, dada a nossa inferioridade aérea, em vetores balísticos – não somos capazes de atingir nada que esteja mais longe que a metade do caminho até Caracas e a vulnerabilidade de tropas concentradas numa região de selva, com poucas e limitadas rodovias, o que obrigaria a formação de colunas francamente frágeis a ataques, aéreos ou terrestres.

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Parte deste silêncio, claro, é a certeza de que o “Marechal Jair” está em mais de um de seus blefes e que as nossas Forças Armadas aceitaram fazer o papel de ferramenta política do homem com que pretendiam voltar à política.

Voltaram, mas da pior forma possível: para serem “cabos eleitorais” do imperador do Norte.

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