Família de Aaron Swartz culpa promotores por suicídio

"A morte de Aaron não é simples tragédia pessoal. É efeito de um sistema de justiça criminal contaminado pela intimidação e pela perseguição ilegal, descabida, inadmissível, sem limites", cita declaração da família do jovem prodígio de 26 anos; ativista da Internet foi um dos criadores do RSS

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247 - A morte do ativista de Internet e prodígio da computação Aaron Swartz, que ajudou a criar a versão inicial do sistema de processamento de dados online RSS e enfrentava acusações federais em um controverso processo por fraude nos Estados Unidos, foi fortemente motivada por promotores do caso, acredita a família do jovem. Ele cometeu suicídio aos 26 anos, no apartamento onde morava com a namorada, no Brooklyn, anunciaram autoridades americanas no último sábado.

Numa declaração que menciona o quanto Aaron lutava por um mundo melhor e o quanto lhe importava a Justiça, seus familiares e companheira lamenta sua perda, agradecendo pelo tempo que o tiveram. Mas lembram que "a morte de Aaron não é simples tragédia pessoal", mas "efeito de um sistema de justiça criminal contaminado pela intimidação e pela perseguição ilegal, descabida, inadmissível, sem limites". 

"Decisões tomadas pelos agentes do Gabinete do Procurador Geral dos EUA no Estado de Massachusetts e no MIT empurraram Aaron, de fato, ao suicídio", acusa o texto, lamentando, por fim, que hoje todos choram "a perda desse homem extraordinário". Leia abaixo a íntegra da declaração, em português, publicada no site "Remember Aaron Swartz".

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Declaração da Família de Aaron Swartz

13/1/2013. Remember Aaron Swartz
"Official statement from family and partner of Aaron Swartz"
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

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Nosso filho bem-amado, amigo, companheiro Aaron Swartz enforcou-se na 6ª-feira em seu apartamento no Brooklyn. Estamos em choque, sem ainda acreditar que já não o temos conosco.

A curiosidade insaciável de Aaron, a criatividade, o brilho; a empatia reflexiva, a capacidade de doar-se sem egoísmo, o amor ilimitado; a recusa a aceitar a injustiça como inevitável. Somos gratos pelo tempo que o tivemos entre nós. Agradecemos a todos que o amaram e o defenderam e a todos que continuam a fazer o trabalho que Aaron sempre fez, por um mundo melhor.

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O comprometimento de Aaron com a justiça social foi profundo e definiu-lhe a vida. Aaron foi essencial para derrotar a legislação de censura à Internet; combateu por um sistema político mais democrático, aberto e transparente; e ajudou a criar, construir e preservar um quantidade quase inacreditável de projetos acadêmicos, que ampliaram o objetivo e a acessibilidade do conhecimento humanos para todos. Usou sua inteligência prodigiosa e suas vastíssimas capacidades como programador e tecnólogo, não para obter riqueza pessoal, mas para fazer da Internet e do mundo espaços de vida melhor e mais justa. Seus escritos alcançaram corações e mentes de mais de uma geração, em todos os continentes. Conquistou a amizade de milhares e o apoio de milhões de pessoas.

A morte de Aaron não é simples tragédia pessoal. É efeito de um sistema de justiça criminal contaminado pela intimidação e pela perseguição ilegal, descabida, inadmissível, sem limites.

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Decisões tomadas pelos agentes do Gabinete do Procurador Geral dos EUA no Estado de Massachusetts e no MIT empurraram Aaron, de fato, ao suicídio.

O Gabinete do Procurador Geral dos EUA lançou contra Aaron uma carga excepcionalmente violenta de acusações, que implicariam, no caso de condenação, em 30 anos de cárcere, como castigo para um crime alegado, do qual não há vítimas.

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No processo quase inimaginavelmente doloroso de esperar por esse julgamento descabido, ao contrário de JSTOR [sigla de Journal Storage] [1] que o apoiou e defendeu., a direção do Massachusetts Institute of Technology, MIT não defendeu Aaron nem os mais solenes princípios de sua própria comunidade acadêmica e científica.

Hoje, todos choramos a perda desse homem extraordinário.

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Nota dos tradutores
[1] JSTOR é um sistema online de arquivamento de periódicos acadêmicos sediado nos Estados Unidos, fundado em 1995, que reúne bibliotecas de todo mundo. Leia também sobre JSTOR-USP.

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