Exército ameaça e exige retratação de Época por artigo com críticas a Pazuello e às Forças Armadas

Numa nota sem paralelo desde a democratização, o general Richard Fernandez Nunes, chefe do Centro de Comunicação Social do Exército, faz uma ameaça explícita à Revista Época e estabelece limites à liberdade de imprensa por causa do artigo “Na pandemia, Exército volta a matar brasileiros”. Texto “exige imediata e explícita retratação” do veículo

Jair Bolsonaro, durante cerimônia do Dia do Soldado, com imposição da Medalha do Pacificador e da Medalha do Exército Brasileiro
Jair Bolsonaro, durante cerimônia do Dia do Soldado, com imposição da Medalha do Pacificador e da Medalha do Exército Brasileiro (Foto: Marcos Corrêa/PR)


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Por Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia - Uma nota duríssima assinada pelo General de Divisão Richard Fernandez Nunes, Chefe do Centro de Comunicação Social do Exército, e publicada no site do Exército nesta segunda-feira (18), exige que a Revista Época se retrate sobre uma coluna de opinião assinada pelo jornalista Luiz Fernando Vianna, com fortes críticas ao ministro Eduardo Pazuello e às Forças Armadas durante o governo Bolsonaro. “Na pandemia, Exército volta a matar brasileiros”, diz o título.

O texto assinado por Nunes é endereçado à “senhora Ana Clara Costa, editora-chefe da Revista Época, e redigida em nome do “Senhor Comandante” e não tem precedentes desde a redemocratização do País. O militar já foi secretário de Segurança do Rio de Janeiro em 2018, durante a época da intervenção militar decretada pelo governo Michel Temer.

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“Incumbiu-me o Senhor Comandante do Exército Brasileiro de expressar indignação e o mais veemente repúdio ao texto de autoria de Luiz Fernando Vianna, publicado nesse veículo de imprensa em 17 de janeiro de 2021. A argumentação apresentada pelo articulista revela ignorância histórica e irresponsabilidade, não compatíveis com o exercício da atividade jornalística. Atribuir a morte de brasileiros a uma Instituição de Estado, cuja história se confunde com a da própria Nação, nas lutas pela manutenção de sua integridade, caracteriza comportamento leviano e possivelmente criminoso”, diz o primeiro trecho.

“Afirmações dessa natureza, motivadas por sentimento de ódio e pelo desprezo pelos fatos, além de temerárias, atentam contra a própria liberdade de imprensa, um dos esteios da democracia, pela qual o Exército combateu nos campos de batalha da II Guerra Mundial e por cuja preservação tem se notabilizado em missões de paz em todos os continentes”, acrescentou.

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“Por fim, o Exército Brasileiro exige imediata e explícita retratação dessa publicação, de modo a que a Revista Época afaste qualquer desconfiança de cumplicidade com a conduta repugnante do autor e de haver-se transformado em mero panfleto tendencioso e inconsequente”, concluiu.

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