Estadão diz que Pazuello se demitiria se tivesse 'alguma coragem moral'

Considerando absurda a ordem para esconder os números referentes à pandemia da Covid-19, o Estadão opina em editorial que o general Eduardo Pazuello teria pedido demissão, "se tivesse alguma coragem moral"

General Eduardo Pazuello
General Eduardo Pazuello (Foto: Reprodução (Rede Amazônia Roraima))


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247 - "Tivesse alguma coragem moral, o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, teria pedido demissão ao receber a ordem para esconder os números relativos à pandemia de Covid-19", diz o editorial de O Estado de S.Paulo. 

O jornal argumenta que ao permanecer no cargo e cumprir a absurda determinação, Pazuello colaborou para desmoralizar ainda mais o Ministério da Saúde e danificou a imagem das Forças Armadas. 

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"Não é de hoje que o presidente Jair Bolsonaro vem colocando em dúvida o número de mortos na pandemia. Mais de uma vez, acusou os governadores de Estado, seus desafetos, de inflar as estatísticas para justificar a quarentena e, assim, criar uma crise com o objetivo de prejudicar o governo", prossegue o editorial.

O editorial aponta que finalmente Bolsonaro encontrou um ministro subserviente o bastante para transformar essa teoria da conspiração em política de governo, depois de ter afastado dois titulares da Saúde. 

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"Ao maquiar os dados, o presidente Bolsonaro e seus serviçais no Ministério da Saúde atentam contra as regras básicas de transparência da administração pública. Sem a publicidade ampla e integral de informações produzidas pelo Estado, a democracia não se realiza, pois a manipulação de dados compromete a capacidade dos cidadãos de exercer o controle público da administração. Além disso, informações distorcidas certamente resultam em decisões equivocadas, tanto por parte dos cidadãos como por parte do governo".

"Na hipótese de que a ardilosa revisão dos números da pandemia desenhe um quadro menos grave do que o atual, seria natural que os cidadãos desafiassem as regras de isolamento social impostas pelas autoridades estaduais e municipais – exatamente como deseja o presidente Bolsonaro. Ou seja, tomariam uma decisão temerária baseados em estatísticas falsas ou adulteradas, colocando em risco ainda maior a saúde pública em meio à pandemia".

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O Estadão apoia sua crítica ao caráter antidemocrático da decisão do governo Bolsonaro na argumentação do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, que disse: “a manipulação de estatísticas é manobra de regimes totalitários” e, portanto, é preciso “parar de brincar de ditadura” no Brasil. 

O editorial conclui enaltecendo "a firme reação da sociedade ante as patranhas do governo Bolsonaro", o que "coincide com o início de um movimento de defesa da democracia, que no domingo passado, a despeito da necessidade de manter o isolamento social, levou milhares de pessoas às ruas, em protestos pacíficos. Para o governo, esses cidadãos cansados do embuste bolsonarista são 'terroristas' ”. 

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