Esquerda trata comunicação como detalhe da política, diz pesquisador
Banalização da tragédia da covid-19 e eficiência da comunicação das bases bolsonaristas explicam a ascensão de Bolsonaro, diz Vinícius Wu, da PUC-RJ
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Por Eduardo Maretti, da RBA - O auxílio emergencial de R$ 600, pago pelo governo federal à população mais carente durante a pandemia de covid-19, após aprovação no Congresso Nacional, não é isoladamente o fator que explica a ascensão do presidente Jair Bolsonaro na pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira. “É muito improvável que se compreenda a recuperação de Bolsonaro apenas olhando para o tema do auxílio emergencial que, sozinho, não explica o processo”, diz Vinícius Wu, pesquisador em comunicação social pela PUC do Rio de Janeiro. “O auxílio emergencial é importante, mas não é o único fator determinante, e talvez não seja nem o principal.”
Para ele, uma série de fatores tornaram essa recuperação possível. Um deles seria a estratégia de comunicação de Bolsonaro, que se vale da pandemia para reverter os efeitos catastróficos de sua própria gestão em seu benefício. “O mais importante é a retirada da pandemia da agenda, por parte do governo Bolsonaro. Ele está conseguindo vencer a narrativa, mesmo com uma ampla rejeição por parte da oposição e de vários setores que formam opinião.”
Wu observa que, se Bolsonaro cresceu entre o segmento da população que ganha até dois salários mínimos, a aprovação nos segmentos médios é muito próxima à dos beneficiários do auxílio. “Aliás, a aprovação entre os que recebem até dois salários mínimos é menor do que nesses estratos, pelo Datafolha”, afirma, em entrevista à RBA.
Se a pesquisa Datafolha mostra aprovação do presidente no eleitorado beneficiário do auxílio emergencial de 35% entre os que têm renda familiar até dois salários mínimos, por outro lado ele tem 40% entre os que ganham mais de dez salários mínimos.
Para o pesquisador, o aparato de comunicação constituído em torno do bolsonarismo é decisivo para o resultado da pesquisa, aliado ao fato de que a oposição, segundo ele, “não conseguiu ocupar o espaço aberto no momento mais critico para o governo”.
Isso se explica, na opinião de Wu, pela visão “anacrônica” que a esquerda ainda tem da comunicação. “É preciso que os partidos de esquerda e movimentos sociais parem de ver a comunicação como um detalhe da política. A comunicação é o centro da política”, avalia.
“Nos círculos de debate na esquerda ainda há uma discussão que contrapõe redes e mundo real, que contrapõe redes sociais e movimento de base, o que é absolutamente anacrônico. Não existe mais essa distinção entre a luta politica ‘real’, nas ruas, nas bases, e a ação em rede e meios digitais” , destaca o pesquisador.
Enquanto isso, o “exército” bolsonarista nas redes, mesmo com os revezes sofridos por bloqueios de contas nas plataformas e ações judiciais e policiais, continua na dianteira, com suas estruturas de inteligência eficientes e “muito potentes”.
Leia a reportagem completa na Rede Brasil Atual.
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