Edição espanhola do El País diz que Bolsonaro ataca a democracia em câmera lenta
"Em quase três anos de governo, o presidente quebrou os pactos sociais do Brasil. Seguindo o roteiro da extrema direita de outros países, ameaça o legado político de 36 anos de democracia. Este é o seu manual de alimentação", aponta reportagem do jornal espanhol El País
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247- Reportagem do jornal espanhol El País destaca que o governo Jair Bolsonaro quebrou os pactos sociais do Brasil e segue o roteiro da extrema direita de outros países, ameaçando o legado político de 36 anos de democracia.
"Este é o seu manual de alimentação", aponta o jornal, destacando ainda a relação de proximidade do governo Bolsonaro com o então governo de Donald Trump, dos Estados Unidos, e cita as recentes declarações de Bolsonaro sobre supostas fraudes nas urnas afirmando se tratar de "uma cópia carbono de Donald Trump".
“Vou dar a faixa presidencial para quem me ganhar nas urnas de forma justa. Com fraude, não ”, disse Bolsonaro no dia 1º de julho. Segundo o jornal, as declarações fazem parte de uma campanha de “atentado contra a legitimidade das urnas eletrônicas, aquelas com as quais ele próprio foi eleito e reeleito pelo menos seis vezes em sua carreira política, sem quem o fez nunca contestou o resultado".
O artigo destaca ainda o que chama de "uma democracia verde oliva", em referência à participação de militares no governo Bolsonaro.
"Hoje, o estabelecimento militar constitui a espinha dorsal do governo Bolsonaro. São pelo menos 6.157 deles distribuídos em diretorias, conselhos de administração e gerentes de empresas estatais como Petrobras, Usina Hidrelétrica de Itaipu, Correios e Eletrobras. De seus 22 ministérios, nove são ocupados por militares da ativa ou da reserva. Foram 10 até o outono de março do general Eduardo Pazuello, do Ministério da Saúde", enfatiza outro trecho da matéria.
“As Forças Armadas servem tanto como base político-eleitoral do governo Bolsonaro, mas também como instrumento de intimidação da oposição. Bolsonaro tenta transmitir a ideia de que pode usar a força contra seus inimigos políticos, por mais falsa que seja ”, diz o cientista político Octavio Amorim Neto, professor da Fundação Getúlio Vargas, em entrevista ao jornal.
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