Ecoando João Ubaldo, Noblat vê “nova censura”
Colunista do Globo, Ricardo Noblat diz que, diante da “situação falimentar de muitas empresas de comunicação”, veículos se tornam vulneráveis à agenda imposta por governos e grandes empresas

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247 – Em artigo publicado nesta segunda-feira no jornal O Globo, o jornalista Ricardo Noblat denuncia uma nova forma de censura nos meios de comunicação brasileiros:
Outro dia, João Ubaldo Ribeiro escreveu: ‘Toda ditadura, sem exceção, tem como prioridade básica o controle da imprensa, a vigilância rigorosa sobre os fatos e opiniões que podem ser conhecidos pelo público‘. Ubaldo esqueceu os governos democráticos. Também eles têm como prioridade básica o controle da imprensa, a vigilância rigorosa sobre os fatos e opiniões que podem ser conhecidos pelo público.
Noblat sustenta sua argumentação afirmando que os governos tentam impor sua agenda com leis restritivas, como a que foi sancionada recentemente na Argentina, e com o controle da publicidade oficial. “Liberdade de imprensa não é o direito que têm jornalistas e donos de veículos de comunicação de divulgar o que quiserem. Liberdade de imprensa é o direito que você, eu, todos temos de saber o que está acontecendo”, diz o jornalista.
Na América Latina, alguns governos defendem suas políticas como uma iniciativa para quebrar monopólios midiáticos e para democraciar a comunicação, ampliando a multiplicidade de vozes.
Noblat, no entanto, enxerga uma ameaça no horizonte e diz que a “nova censura se alimenta de condições que lhe são favoráveis”. Entre elas, a “stiuação falimentar de muitas empresas de comunicação”, que tornaria os veículos dependentes de notícias que lhes são oferecidas a custo zero por governos e grandes corporações.
Como se vê, na transição do jornalismo impresso para a plataforma online, e pago para o modelo gratuito, ainda haverá muita gritaria dos protagonistas do passado. Num evento da Sociedade Interamericana de Imprensa, Arthur Sulzberger Jr., presidente do The New York Times, disse que o desafio de sua empresa é deixar de ser uma empresa de navegação e virar uma companhia aérea.
Mais do que “nova censura”, o que está em curso é a maior transformação da história dos meios de comunicação. Segundo afirmou Juan Cebrián, diretor do El Pais no mesmo evento da SIP, uma mudança tão importante como a que ocorreu quando Gutemberg inventou a prensa.
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