De Frias para Serra: mensalão não funciona
Em editorial que comenta a primeira pesquisa Datafolha do segundo turno, com larga vantagem de Fernando Haddad sobre José Serra, jornal de Otávio Frias aponta peso praticamento nulo do julgamento na decisão de voto dos paulistanos
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247 – Em editorial publicado nesta sexta-feira, a Folha de S. Paulo, comandada por Otávio Frias Filho, comenta a primeira pesquisa Datafolha do segundo turno e antecipa que José Serra jogará todas as suas fichas no escândalo do mensalão. No entanto, o jornal observa que o efeito do julgamento na decisão de voto dos paulistanos foi praticamente nulo. Leia:
Pauliceia descolada
Dianteira de dez pontos do petista Haddad na pesquisa Datafolha para o 2º turno indica efeito eleitoral até aqui modesto do mensalão
A primeira pesquisa Datafolha sobre o segundo turno da volátil eleição em São Paulo confirma prognósticos sobre migração dos votos de Celso Russomanno (PRB) e Gabriel Chalita (PMDB) em favor de Fernando Haddad (PT).
O petista tem 47% das intenções de voto, dez pontos à frente de José Serra (PSDB). Contados apenas os votos válidos, Haddad venceria por 56% a 44%, se a eleição ocorresse no momento de realização da pesquisa. Só 8% dos ouvidos se dizem indecisos, o que estreita -mas não elimina- o espaço para uma reviravolta.
Entre os que sufragaram Russomanno, 56% declaram intenção de eleger Haddad, contra 25% a favor do tucano. Os eleitores de Chalita revelam preferência menos acentuada: respectivamente, 43% e 34%.
Até a realização das entrevistas pelo Datafolha, nenhum dos dois políticos, nem seus partidos (que integram a base de apoio do governo federal), havia manifestado apoio a Haddad. Russomanno e o PRB refugiam-se numa neutralidade que mais parece abulia. Chalita e o PMDB, talvez com mais chance de arrancar concessões do PT, mais uma vez evidenciaram a sempre presente disposição para valorizar-se em negociações.
O que também se confirma com os resultados do Datafolha, em larga medida, é o peso da rejeição a José Serra (no último levantamento antes do primeiro turno, ela estava em 45%).
Serra parece enfrentar algo como um "recall" negativo, um desgaste de imagem por ter concorrido em sucessivas eleições (para o qual terá contribuído a promessa descumprida de não deixar a prefeitura a fim de candidatar-se a governador). Além disso, carrega o fardo de defender a administração do afilhado e sucessor Gilberto Kassab (PSD), tida como ruim ou péssima por 48% dos paulistanos.
Por suas primeiras declarações após o primeiro turno, o tucano se mostra inclinado a jogar todas as suas fichas no escândalo do mensalão. Não parece muito provável, contudo, que consiga reverter a desvantagem inicial por essa via.
O processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal já estava a todo vapor no primeiro turno. Ninguém duvidava àquela altura que a cúpula do PT sairia condenada, mas isso não impediu Haddad de ultrapassar Russomanno.
As entrevistas do Datafolha sobre o segundo turno foram feitas nos dois dias em que o STF tomou sua decisão histórica contra a corrupção, o que não aparenta ter prejudicado o petista. Seu crescimento na periferia pobre de São Paulo, que antes se inebriava com a promessa Russomanno, sugere que as razões do voto paulistano passam longe dos eventos em Brasília.
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