Crise dos jornais impressos chega aos países emergentes

Membros do Escritório Internacional de Auditoria de Circulação (IFABC) em 23 países venderam 123,5 milhões de jornais por mês em 2011, quase 2 milhões a menos do que em 2010, uma queda de 1,6%; estatística aponta exceção na Bélgica, no Brasil, nos EUA e na Malásia

Crise dos jornais impressos chega aos países emergentes
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Observatório da Imprensa - Durante anos pensava-se que o crescimento do número de leitores de jornais em economias emergentes, como é o caso dos BRICS e os “Próximos 11”, estava compensando a queda de circulação da imprensa nos países desenvolvidos.

As estatísticas mostram que isso não é mais verdade. Dados do Escritório Internacional de Auditoria de Circulação (IFABC) mostram que essa tendência acabou em 2011. Agora, a circulação de jornais impressos está em queda em quase todas as grandes economias.

Os membros do IFABC em 23 países venderam 123,5 milhões de jornais por mês em 2011, quase 2 milhões a menos do que em 2010, uma queda de 1,6%. Quase todos os países incluídos nas estatísticas reportaram queda, com exceção da Bélgica, do Brasil, dos EUA e da Malásia, sendo que o aumento desta não passou de 0,08%, cerca de 3 mil jornais.

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Os países com maior queda de circulação entre 2010 e 2011 foram:

Romênia

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Três jornais viram sua circulação cair mais de 40%, e outros cinco sofreram uma queda de 20%. Somente um jornal sofreu uma queda de menos de 10%. No total, a circulação caiu 28%.

Espanha

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O segundo, o terceiro e o quarto maiores jornais sofreram queda de circulação de mais de 10%, enquanto a queda geral foi de 7,8%. O maior jornal do país, o El País, viu sua circulação cair apenas 1,3%.

República Tcheca

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A circulação total caiu 8,7% a cada ano. A queda atingiu todos os jornais do país e nenhum sofreu uma queda menor que 5%.
A queda na circulação dos jornais espanhóis já era esperada, já que o país está sofrendo com a crise financeira europeia, que provavelmente também impactará a Romênia e a Sérvia.

Índia e China

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Mas talvez o mais preocupante para o futuro global dos jornais seja o fato de que a China sofreu a quinta maior queda de circulação dentre os países pesquisados. A circulação de jornais no país diminuiu mais que meio milhão entre 2010 e 2011.

É o contrário do que ocorreu nos últimos anos. Entre 2008 e 2009, três dos cinco jornais chineses participantes do IFABC viram sua circulação subir, sendo que os cinco jornais tiveram um crescimento de mais de 33 mil exemplares.

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Outra tendência preocupante ocorre na Índia. Entre 2008 e 2011, os jornais indianos tiveram aumento de 3,9 milhões de cópias, ampliando a circulação total do país para 30,5 milhões. No entanto, ao se olhar a circulação de jornais entre 2010 e 2011, vê-se a primeira queda desde 2008. Apesar de ser uma queda de apenas 220 mil cópias, o fato disfarça uma séria volatilidade. O jornal Dainik Bhaskar diminuiu sua circulação pela metade, cortando mais de 1 milhão de cópias. Ao que parece, o crescimento da imprensa indiana está paralisado.

Outros casos:

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Estados Unidos

O aumento da circulação norte-americana é encorajador, mas não é indicativo de todo o país. O ganho total dos três jornais membros do IFABC foi de 116 mil cópias, 3,2% entre 2010 e 2011, sendo que o New York Times contribuiu com um aumento de 119 mil exemplares. Enquanto isso, a queda de 33 mil cópias doWashington Post cancela completamente o aumento de 30 mil do Wall Street Journal.

Todavia, ao comparar a circulação de 2008 com a de 2011, mesmo o crescimento do New York Times não consegue disfarçar a queda de 57 mil cópias entre esses três anos.

Brasil

O Brasil possuiu um quadro ainda mais complexo por causa de sua indústria fragmentada. Existem 73 jornais brasileiros reportando ao IFABC, muitos apenas variações regionais do mesmo jornal, e o veículo com maior circulação não ultrapassa a marca de 300 mil. A circulação total no país cresceu 3,5%.

Entre 2010 e 2011, 44 desses jornais reportaram variadas taxas de aumento de circulação, e o resto registrou variadas taxas de declínio.

É difícil apontar as causas exatas para a queda mundial no consumo de jornais. A causa mais plausível em economias desenvolvidas e em desenvolvimento é o aumento do acesso à internet e do uso de smartphones. Em mercados emergentes, os smartphones estão ampliando o acesso da população à internet. Isso sugere que, internacionalmente, o impacto da tecnologia móvel está acelerando a queda na leitura de jornais impressos.

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