Como transformar bytes em atitudes concretas

Ativistas da web, gestores pblicos e personalidades culturais discutiram ontem o papel da poltica e da democracia na era digital, durante o Frum Social Temtico

Como transformar bytes em atitudes concretas
Como transformar bytes em atitudes concretas (Foto: Ramiro Furquim/Sul21.com.br)


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Samir Oliveira _Sul 21 - A Travessa dos Cataventos, vão livre que rasga a Casa de Cultura Mário Quintana e conecta a Rua dos Andradas com a Sete de Setembro, foi palco de um debate que contrasta com a secular construção que a abriga. Ali, naquele prédio finalizado em 1933, ativistas da web, gestores públicos e personalidades culturais discutiram, nesta quinta-feira (25), o papel da política e da democracia na era digital.

A estrela do evento foi o ex-ministro da cultura Gilberto Gil. Com sua maneira peculiar de se expressar, encadeando pensamentos complexos e metáforas originais, o cantor prendeu a atenção do público, que se revezava entre o espanto com as sacadas geniais e a dificuldade de entender o que ele estava dizendo.

“Farei uma espécie de filosofia popular e barata.” Foi assim que Gil iniciou um complexo discurso sobre a relação da primavera árabe com a globalização e os atores que despontam na sociedade dominada pelas redes sociais. Para o ex-ministro, a força da internet fez os protestos que derrubaram ditadores nos países árabes transcenderem as fronteiras. “As reais incompatibilidades entre ocidente e oriente caem por terra diante dessa nova força que se estrutura em nível global”, observa.

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Gilberto Gil considera que os aspectos perversos da globalização são absorvidos, através da web, por comunidades locais em diversos países e utilizados contra o sistema que dá guarita à lógica dominante. “É nessa intersecção que surge a possibilidade de um novo mundo”, projeta.

O cantor aponta que, apesar de esforços de setores conservadores, a rede mundial de computadores não pode mais ser submetida ao jugo de tiranos. “A internet tornou-se o instrumento da construção democrática de um mundo que se renova”, analisa, acrescentando que a colaboração global é uma das características desse novo cenário. “A primavera árabe e a internet são peças num jogo de xadrez jogado a muitas mãos. A milhões de mãos. A bilhões de mãos”, conclui.

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O chefe de gabinete do governador Tarso Genro (PT) e coordenador dos projetos de participação digital na internet, Vinícius Wu (PT), avalia que a democracia pode se tornar obsoleta se não se adaptar aos novos tempos. O petista aponta que é preciso “abrir os poros do Estado” ao novo sujeito que se forma na era digital.

 

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Ele explica que a internet abre novas possibilidades de ação contra o capitalismo num período em que o sistema financeiro achata direitos e conquistas na Europa. “A democracia grega serve como um exemplo da imposição da agenda transnacional do mercado”, ilustra.

Wu considera que a mobilização global articulada pela internet que resultou na retirada do projeto de lei que restringia a liberdade na rede – o chamado SOPA, que tramitava no Congresso dos Estados Unidos – é um exemplo das possibilidades reais geradas a partir do ambiente virtual. “Nos sentimos impotentes diante de uma falta de oposição global ao capitalismo. Mas a derrubada do Sopa aponta novas possibilidades de ação democrática”, avalia.

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O jornalista Antonio Martins, editor do site Outras Palavras, considera que a articulação de pessoas pela internet precisa superar os protestos que demarcam posições – por exemplo, contra maus tratos a animais – e começar a gerar propostas concretas capazes de influir na vida política nacional. “Em vez de só dizer ‘não’, vamos dizer ‘sim’”, sugere.

Ele avalia que a participação ativa nas redes sociais demonstra que a política não se restringe apenas aos espaços institucionais e não deve ser condicionada apenas ao voto. “A política são as ações concretas do cotidiano, não acontece somente a cada dois anos”, comenta.

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O jornalista ressalta, porém, que o ativismo virtual não pode ignorar o poder real do Estado. “O Estado não pode ser desprezado, pois é uma fonte fundamental para a conquista de direitos, precisamos incidir sobre ele”, conclama. Ele acredita que a organização de grupos de pessoas através da internet pode ajudar na garantia de avanços concretos.

Martins instiga os participantes do Fórum Social Temático a debaterem e formularem soluções para problemas crônicos do Brasil, como a criação de formas alternativas de produção de energia e uma regulamentação efetiva de proteção ambiental, além de uma profunda reforma política. “Precisamos criar mecanismos que impeçam a eternização de uma classe política artificial no poder”, defende.

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