'Com Lula, Brasil tem uma chance renovada de salvar a Amazônia', diz Democracy Now!, dos EUA

Importante portal independente de notícias dos Estados Unidos destaca a importância da eleição de Lula para o Brasil e para o mundo

(Foto: ABR | Divulgação)


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O Brasil Tem Um Novo Presidente e Uma Chance Renovada de Salvar a Amazônia

Coluna semanal de Amy Goodman (*) & Denis Moynihan (**) publicada originalmente no portal Democracy Now!, dos Estados Unidos, em 5/1/2023. Traduzida e adaptada por Rubens Turkienicz com exclusividade para o Brasil 247

A floresta tropical da Amazônia é frequentemente chamada de ‘os pulmões do planeta’ e cobre quase 8 milhões de quilômetros quadrados de nove países sul-americanos. Ela é uma enorme bacia de carbono que retira dióxido de carbono da atmosfera e o armazena como biomassa e libera oxigênio. Outras florestas tropicais fazem o mesmo — da bacia do Congo à Nova Guiné e a Papua Ocidental ocupada pela Indonésia e a Malásia. Porém, a Amazônia está numa escala dela própria e — com a atividade humana resultando em um aquecimento global catastrófico — é vital proteger-se o poder curador do clima da Amazônia.

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É por isso que a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas recentes eleições presidenciais do Brasil pode se um dos eventos mais momentosos da história do mundo moderno. Conhecido como Lula, os eleitores o levaram de volta para um terceiro mandato depois de ele ter terminado o seu mandato anterior há uma década. Ele prometeu proteger a Amazônia e as comunidades indígenas que há muito tempo zelam pela floresta. Lula venceu o presidente anterior racista e de extrema-direita Jair Bolsonaro — um autocrata que tornou o desmatamento desenfreado da Amazônia e a eliminação das zonas indígenas protegidas um pilar do seu único mandato. Antes da assunção de Lula à presidência em 1º de janeiro de 2023, Bolsonaro fugiu para Orlando, na Florida (EUA), supostamente para a residência de férias do brasileiro José Aldo — um lutador campeão de artes marciais mistas.

“Esta é a primeira vez, desde o final da ditadura no Brasil, que um presidente não esteve presente para passar a faixa presidencial ao presidente entrante”, disse o jornalista independente Michael Fox ao programa Democracy Now!. “Na verdade, foi este grupo diversificado de brasileiros — uma coletora de lixo negra, um cozinheiro, um ativista incapacitado [e outros] — que entregou a faixa presidencial ao Lula e representou a união do povo brasileiro. Isto foi uma coisa imensa”.

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Lula foi um metalúrgico e sindicalista durante a ditadura militar brasileira. Sendo um cofundador do Partido dos Trabalhadores, ele foi eleito presidente pela primeira vez em 2002. Durante os seus dois mandatos consecutivos, ele promoveu o programa “Fome Zero”, que tirou milhões de brasileiros da pobreza e da insegurança alimentar. A sua sucessora, Dilma Rousseff — membro do Partido dos Trabalhadores e ex-guerrilheira — foi impedida [de concluir o seu segundo mandato] num golpe legislativo em 2016. O próprio Lula foi aprisionado durante 580 dias em 2018 por acusações forjadas de corrupção. Ele foi liberado quando um tribunal declarou que o juiz do seu caso agiu tendenciosamente contra ele.

Bolsonaro foi cognominado de o “Trump Tropical” e, como Donald Trump, ele se recusou a aceitar a sua derrota eleitoral, alegando que “somente Deus” poderia tirá-lo da presidência. As preocupações de potenciais violências dos apoiadores de Bolsonaro durante a assunção de Lula à presidência instaram o Supremo Tribunal Eleitoral do Brasil a proibir o porte de armas de fogo na capital federal Brasília até depois do evento.

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“Sem dúvida, nos últimos anos, nós vivemos um dos piores períodos da nossa história, uma era de sombras, dúvidas e muito sofrimento”, disse Lula no seu discurso inaugural. “Mas este pesadelo acabou graças ao voto soberano [do povo] na eleição mais importante desde o retorno da democracia ao nosso país, numa eleição que demonstrou o compromisso do povo brasileiro com a democracia e as suas instituições”.

O governo de Lula é uma saída radical do autoritarismo de Bolsonaro. As principais nomeações incluem a vencedora do Prêmio Goldman Marina da Silva, uma defensora da floresta tropical amazonense, como Ministra do Meio-Ambiente da Mudança Climática; a ativista, jornalista e educadora negra Anielle Franco como Ministra da Igualdade Racial — em 2018, a irmã de Anielle, Marielle Franco, ativista de direitos humanos e vereadora da Câmara Municipal da cidade do Rio de Janeiro, foi assassinada; e Sônia Guajajara como a primeira e inédita Ministra dos Povos Indígenas.

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Em setembro de 2019, Sônia Guajajara esteve na cidade de New York, marchando durante a greve do clima liderada pela juventude.

“A Amazônia está queimando”, disse ela ao Democracy Now! “Muitos territórios estão pegando fogo. Atribuímos os aumentos de incêndios à retórica do governo de Jair Bolsonaro, que incita ataques, incita invasões e incita o desmatamento. As práticas do governo Bolsonaro estão consolidando este governo como o maior inimigo dos povos indígenas e do meio-ambiente”. Ela prosseguiu dizendo: “Estamos no tempo de despertar… para a necessidade urgente de lutar pelo meio-ambiente. Para isso, faz-se necessário que as pessoas tenham consciência política e ecológica, clamar e pressionar os governos dos seus países a fim de adotarem políticas sustentáveis”.

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O Brasil é o maior país da América Latina e a 12ª maior economia do mundo. A presidência de Lula, com o seu ministério historicamente diverso, abre as portas à mudança progressiva, a desafiar a crescente onda global de autoritarismo e fascismo. Salvar a Amazônia é uma das principais metas de Lula, mas esta tarefa é grande demais e urgente para uma única nação e apenas um governo. A Amazônia é um ponto de inflexão e nós precisamos tratar desta ameaça existencial juntos.

*Amy Goodman

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Amy Goodman é a apresentadora e produtora executiva do Democracy Now! — um programa diário nacional estadunidense independente, vencedor de diversos prêmios de noticiários e apresentado em mais de 1.400 programas de televisão e rádios públicas no mundo todo.

A Fundação Nieman para o Jornalismo honrou Amy Goodman com a Medalha Vitalícia em nome de I.F. Stone para o Jornalismo Independente pelas suas realizações. Ela também foi a primeira jornalista a receber o Prêmio de Subsistência Justa [Right Livelihood Award], considerado o ‘Prêmio Nobel Alternativo’ por “desenvolver um modelo inovador de um verdadeiro jornalismo político independente de base [popular] que leva a milhões de pessoas as vozes alternativas, frequentemente excluídas das mídias principais”. Ela é a primeira cobeneficiária do Prêmio Izzy do Park Center para as Mídias Independentes, nomeada em homenagem ao grande jornalista investigativo I.F. Stone, e ela foi mais tarde selecionada para inclusão no Salão de Honra do Park Center em nome de I.F. Stone. O jornal londrino ‘The Independent’ chamou Amy Goodman e o programa Democracy Now! de “uma inspiração”.

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Amy Goodman é coautora de seis livros recordistas do New York Times. O seu livro mais recente, ‘Democracy Now!: Twenty Years Covering the Movements Changing America’, revisa as duas décadas passadas do trabalho do programa Democracy Now! e os poderosos movimentos e líderes carismáticos que estão remodelando o nosso mundo. Antes disso, nos livros ‘The Silenced Majority: Stories of Uprisings, Occupations, Resistance and Hope’ e ‘Breaking the Sound Barrier’, ambos escritos em coautoria com Denis Moynihan, deram voz às muitas pessoas comuns que enfrentaram o poder corporativo e governamental. Ela foi coautora dos seus três primeiros livros recordistas de vendas (bestsellers) com o seu irmão, o jornalista David Goodman: ‘Stanging Up to the Madness: Ordinary Heroes in Extraordinay Times’ (2008), ‘Static: Government Liars, Media Cheerleaders and the People Who Fight Back (2006) e ‘The Exception to the Rulers: Exposing Oily Politicians, War Profiteers, and the Media That Love Them’ (2004). Ela é coautora de uma coluna semanal com Denis Moynihan (que também é produzida como podcast de áudio) publicizada pelo King Features, pela qual ela foi agraciada em 2007 com o Prêmio James Aronson para Reportagem pela Justiça Social.

Amy Goldman recebeu o Prêmio Sigma Delta Chi por Excelência da Sociedade de Jornalistas Profissionais; o Prêmio Gracie para Mulheres Estadunidenses no Rádio e na Televisão; o Prêmio ‘Ela Conseguiu’ do Centro de Mídias Paley; e o Prêmio Puffin/Nation de Cidadania Criativa. As suas reportagens sobre Timor Leste e a Nigéria lhe concederam numerosos prêmios, incluindo o Prêmio George Polk, o Prêmio Robert F. Kennedy para Reportagens Internacionais e o Prêmio Alfred I. duPont-Columbia. A revista Time nomeou o programa Democracy Now! como o seu “Podcast Escolhido”, juntamente com o programa Meet the Press da TV NBC. PULSE nomeou Goodman como uma das 20 Maiores Figuras das Mídias Globais em 2009.

Ela também ganhou prêmios da Associated Press, United Press International, the Corporation for Public Broadcasting e o Project Censored. Goodman ganhou o primeiro Prêmio de Comunicação pela Paz da Associação Cristã de Comunicações. Ela também foi honrada pelo Conselho Nacional dos Professores de Inglês [dos EUA] com o Prêmio George Orwell pela sua Emérita Contribuição à Honestidade e à Clareza na Linguagem Pública.

*Denis Moynihan

Denis Moynihan trabalha com Democracy Now! desde o ano 2000. Ele é um autor recordista (bestseller) e colunista divulgado por King Features. Ele vive no estado do Colorado [EUA], onde fundou a rádio comunitária KFFR 88.3 FM na cidade de Winter Park.

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