Civita exalta futuro online, mas joga contra

Em entrevista, dono da Abril diz que a mdia do sculo XXI vai deixar o papel para trs; no entanto, sua empresa ainda faz de tudo para empurrar revistas impressas para os leitores, cujas assinaturas so mais baratas do que as digitais

Civita exalta futuro online, mas joga contra
Civita exalta futuro online, mas joga contra (Foto: Divulgação)


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Leonardo Attuch _247 - Faça o que eu digo, não o que eu faço. A frase se encaixa com perfeição ao presidente da Editora Abril, Roberto Civita. Em interessante entrevista publicada nesta sexta-feira no caderno de fim de semana do jornal Valor Econômico, ela exalta a mídia online. Diz textualmente: "O futuro é digital, não tem, não faz sentido que não seja. É mais simples, é mais barato. Envolve não cortar árvore, gastar diesel, não ter problema com a reciclagem". Civita, que publica revistas como Veja, Exame e Claudia, prossegue: "O que importa não é a plataforma, é o que temos a dizer, para ensinar, para entreter. Não é o papel e a tinta."

Belo discurso, mas a prática na Editora Abril é completamente oposta. Basta acessar os sites de assinantes de todas as revistas da empresa para constatar que as assinaturas digitais -- que não envolvem custos com papel, tinta e distribuição -- são mais caras do que as assinaturas impressas. No caso de Veja, uma assinatura digital, por um ano, sai por seis parcelas de R$ 71,15. A assinatura digital custa seis de R$ 81,50. E até o combo impresso mais digital é mais barato do que a assinatura apenas online. O mesmo ocorre em todas as revistas da Abril.

Empurrando papel

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Recentemente, tentei assinar apenas as versões digitais de duas revistas da Abril: Veja e Exame. No telemarketing, a atendente me informou que a assinatura online é mais cara porque a tecnologia é muito sofisticada. Mentira. Veja e Exame usam a mesma tecnologia Woodwing, que é também aplicada no aplicativo do Brasil 247. Um app que não custou mais do que R$ 80 mil no passado e que já foi completamente amortizado. Ou seja: a tecnologia online não representa meio porcento de um dia de impressão nas gráficas da Abril. Além disso, não há o custo de distribuição nem o risco de que motoboys sejam atropelados nas ruas das grandes cidades.

Portanto, sempre que alguém estiver disposto a assinar qualquer revista da Abril, não caiam na conversa fiada de que a tecnologia online é mais cara. Como diz Roberto Civita, o mundo digital "é mais simples, é mais barato".

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Mas se é assim, por que os editores continuam empurrando papel para seus leitores? Porque inflando a tiragem, conseguem inflar a publicidade. Uma página de anúncio em Veja custa R$ 140 mil. No tablet, a revista circula praticamente sem anúncios, porque o mundo online é também transparente.

Demonstrada a falácia de Civita, não se enganem: sempre que um editor do passado exaltar o futuro online, ele estará mentindo. Na prática, fará de tudo para preservar sua vaca leiteira, que é o papel.

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