China tem raro protesto contra censura a jornal

Admiradores de um dos mais liberais veículos do país se reuniram diante da sua sede em apoio a uma greve de jornalistas por causa das interferências feitas pelo chefe local de propaganda; manifestação em Cantão, capital da província de Guangdong, é parte de uma crescente mobilização popular pela liberdade de imprensa

China tem raro protesto contra censura a jornal
China tem raro protesto contra censura a jornal (Foto: STAFF)


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Por James Pomfret

CANTÃO, China, 7 Jan (Reuters) - Admiradores de um dos mais liberais jornais da China fizeram uma manifestação diante da sua sede, nesta segunda-feira, num raro protesto contra a censura no país, em apoio a uma greve de jornalistas por causa das interferências feitas pelo chefe local de propaganda.

O protesto em Cantão, capital da província de Guangdong, é parte de uma crescente mobilização popular pela liberdade de imprensa, e também um teste a respeito do compromisso do novo dirigente comunista Xi Jinping com as reformas na China.

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Os protestos começaram no final da semana passada, quando repórteres do influente Semanário do Sul acusaram censores de alterarem uma mensagem de Ano Novo aos leitores, em que a defesa de um governo constitucional foi substituída por palavras de louvor ao Partido Comunista.

A polícia autorizou a manifestação em frente à sede do Grupo Nanfang, que edita o jornal, num sinal de que o governo provincial, comandado pelo recém-nomeado Hu Chunhua, estrela em ascensão na política chinesa, deseja agir de forma cautelosa diante da indignação popular contra a censura.

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Os manifestantes, a maioria jovens, deixaram no local pequenos cartazes manuscritos dizendo que "liberdade de expressão não é crime", e que "os chineses querem liberdade". Muitos portavam crisântemos amarelos, simbolizando luto pela liberdade de imprensa.

"O Grupo de Mídia Nanfang está relativamente disposto a dizer a verdade na China, então precisamos nos posicionar a favor da sua coragem e apoiá-la agora", disse à Reuters Ao Jiayang, jovem funcionário de uma ONG, com o cabelo tingido de laranja. "Esperamos que por meio disso possamos lutar pela liberdade de imprensa na China. O comparecimento de hoje reflete o fato de que cada vez mais gente na China tem consciência cívica."

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A atenção dada ao protesto internamente reflete também a posição única de Guangdong, a mais rica e liberal província da China, e berço do programa de "reforma e abertura" do país. Numa medida simbólica, Xi escolheu Cantão como destino da sua primeira viagem depois de ser sagrado dirigente máximo do PC chinês, em novembro.

Na noite de domingo, o Semanário do Sul negou em seu microblog oficial que a carta de Ano Novo tenha sido alterada por motivo de censura. "Os rumores pela internet eram falsos", disse a publicação.

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Muitos jornalistas, no entanto, se desvincularam dessa declaração, e decidiram iniciar uma greve na segunda-feira.

Várias cartas abertas circulam na internet pedindo a demissão do chefe de propaganda da província, Tuo Zhen, acusado de amordaçar a imprensa.

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(Reportagem adicional de Sui-Lee Wee e da Redação de Pequim)

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