Celso Amorim: Lula é quem tem condições de derrotar Bolsonaro

Leia reportagem com Celso Amorim no Página 12, o maior jornal progressista da Argentina. Ele fala sobre a "grande mudança no cenário político" brasileiro com a anulação dos processo da Lava Jato e garantiu: Lula é "o candidato que tem melhores condições para derrotar Jair Bolsonaro"

Celso Amorim e Lula
Celso Amorim e Lula (Foto: ABr)


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247 - O ex-chanceler Celso Amorim concedeu entrevistas a duas rádios argentinas que foram transfomadas numa reportagem do Página 12, maios jornal progressista do país, publicada na manhã desta quarta-feira (10), na qual fala do novo cenário político brasileiro aberto com a anulação dos processos da Lava Jato contra o ex-presidente Lula.

Leia a íntegra:

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O ex-chanceler brasileiro Celso Amorim garantiu que a anulação de todas as sentenças contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na operação Lava Jato constitui "uma grande mudança no cenário político" de seu país. Amorim observou que Lula é "o candidato que tem melhores condições para derrotar Jair Bolsonaro" se ele finalmente decidir se candidatar. Ele também lembrou em diálogo com diversos meios de comunicação nacionais a "solidariedade" do presidente Alberto Fernández, a quem considerava um "amigo" do ex-presidente brasileiro.

Em entrevista concedida pela manhã ao programa “Ahí Vamos” da Rádio Nacional, Amorim destacou que as pesquisas ratificam o peso de Lula em uma eventual disputa eleitoral com o Bolsonaro nas eleições de 2022. “Não há outro, nem mesmo no centro, esquerda, nem direita, nem centro-direita. Não há ninguém com as possibilidades que o Lula tem ”, disse.

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Segundo levantamento do instituto IPEC publicado no jornal O Estado de São Paulo, Lula tem 50% da intenção de voto, enquanto Bolsonaro chega a 38%. Em terceiro lugar aparece, com 31%, o ex-juiz que prendeu Lula e mais tarde foi ministro da Justiça de Bolsonaro, Sérgio Moro.

A este respeito, o ex-chanceler esclareceu que “há decisões pessoais que vão ser tomadas e sobre as quais não posso falar” e acrescentou que “o presente é a pandemia e o desemprego, então acho que (Lula) vai se dedicar mais a isso e não sei o que vai decidir, se aparecem nas eleições ou não."

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Para Amorim, porém, é imprescindível que essa normalidade envolva também "a questão da pandemia do coronavírus", lembrando que o Brasil é "um risco apontado pela OMS como planetário" dado o número de casos ligados a uma cepa mais contagiosa. "Tudo isso é muito preocupante e também estamos focados nisso", disse ele.

Nesse sentido e sob o título "O Brasil grita por socorro", Amorim assinou recentemente uma "carta aberta à humanidade" junto com o teólogo Leonardo Boff, o escritor Frei Betto e o cantor e compositor Chico Buarque, na qual definiram como "genocida" a Bolsonaro denunciando sua gestão da pandemia covid-19, cujo saldo até agora é de 266.398 mortes e mais de 11 milhões de infecções.

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A carta dirigida à ONU e ao Tribunal Penal Internacional alerta que o Brasil se tornou uma “câmara de gás aberta” que condena “nossa população ao extermínio”. Eles também denunciaram que “brasileiros comprometidos com a vida são sequestrados” por Bolsonaro, “que detém a presidência do Brasil com um bando de fanáticos movidos pela irracionalidade fascista”.

Retornando ao tema principal e consultado sobre o eventual panorama judicial que se avizinha após a decisão do juiz Fachin, Amorim disse que a homologação ainda está pendente. “Em primeiro lugar, do ponto de vista formal, o procurador-geral provavelmente irá apresentar um recurso e provavelmente haverá uma discussão em plenário com todos os juízes”, disse o ex-ministro da Defesa.

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De qualquer forma, Amorim lembrou que "se o próprio relator, que era muito favorável à Lava Jato, tomou essa decisão, parece-me impensável do ponto de vista prático, mas não matemático, que a decisão seja revertida". Nesse ponto, apelou para a ironia: "É muito improvável, mas no Brasil acontecem as coisas mais improváveis."

A decisão do juiz Fachin, aliado da Lava Jato, foi baseada em questões de jurisdição e sem questionar o preconceito dos então promotores e juízes contra o ex-presidente, desencadeou um choque político que (paradoxalmente) salvou Moro e o ex-chefe de Lava Jato, o promotor Deltan Dallagnol.

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Questionado sobre esse ponto, Amorim disse que a decisão do juiz sobre a mudança de jurisdição "foi produzida, na verdade, pela mudança do clima político". “Há uma tendência da justiça de ver para onde vai a história, isso também tem seu peso”, ironizou mais uma vez.

“Embora obviamente eu não tenha falado com ninguém, os demais ministros do STF querem continuar com o exame da parcialidade de Moro, pela implicação que isso tem para outros julgamentos, não só de Lula, mas de outras pessoas”, concluiu o diplomata de carreira. .

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Anteriormente e em diálogo com o programa "Nobleza Hormiga", transmitido pela FM La Patriada, Amorim agradeceu a proximidade do presidente Alberto Fernández. Ele ressaltou que o conheceu em sua época como Chefe de Gabinete de Néstor Kirchner e Cristina Fernández de Kirchner. “Ele sempre teve uma atitude muito amigável”, disse ele, lembrando dois gestos fundamentais.

“Primeiro, quando ele estava muito envolvido na campanha de libertação, ele foi comigo visitar o Papa Francisco. Em segundo lugar, ele veio como candidato à presidência para visitar Lula na prisão, que tinha um enorme senso de solidariedade. Até no discurso de Vitória falou de Lula ”, explicou. Amorim destacou ainda que Fernández “foi a primeira pessoa a falar com Lula, e isso deixa muito clara a grande amizade com nossos líderes”.

Veja tweet de Alberto Fernandez sobre a entrevista à rádio La Patriada:

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