Bolsonaro ignora mortos e faz cálculos para a reeleição, escreve Celso Rocha de Barros

O sociólogo Celso Rocha de Barros escreve em sua coluna na Folha de S.Paulo que o cálculo de Bolsonaro é que vai se eleger, se os sobreviventes não sentirem empatia com as vítimas

Celso Rocha de Barros e Jair Bolsonaro
Celso Rocha de Barros e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução | Reuters)


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247 - "O Brasil deve chegar a 100 mil mortos na pandemia nas próximas semanas. É duas vezes o número estimado de brasileiros mortos na Guerra do Paraguai. Mas Bolsonaro aposta que genocídio não custa voto", escreve Celso Rocha de Barros.

"Se morrer 1 milhão de pessoas, e seus, digamos, dez parentes e amigos próximos se revoltarem contra Bolsonaro, ainda não é gente suficiente para colocar um candidato presidencial no segundo turno. Como notou o cientista político Christian Lynch, os que morreram não vão votar".

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"Se você adoecer e morrer, Bolsonaro perderá seu voto, mas nenhum adversário de Bolsonaro tampouco o terá. Bolsonaro já precificou a sua morte, leitor, e conta que ainda dá para ganhar eleição sem os votos de sua viúva e de seus órfãos".

"Bolsonaro tenta manter seus seguidores fiéis “protegidos” da ciência e da imprensa profissional. Para isso, tenta lhes despertar a sensação de que são os malandros que ninguém engana, os que tomaram a pílula vermelha do Matrix, que descobriram a verdade, que não serão iludidos pelo que diz a “mídia esquerdista” ou os “cientistas comprados pela China”. Não tem estelionato que dê certo se você não conseguir que o otário sinta que quem está sendo malandro é ele".

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Ainda é cedo para dizer se matar 100 mil pessoas custa votos no Brasil. Nos Estados Unidos, a reeleição de Donald Trump parece seriamente ameaçada. Aqui o clima anda mais para acordão. Sabe como é, você anistia 500 assassinatos, passa uns anos, os caras aparecem querendo que anistie mais 100 mil.

Leia a íntegra.  

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