Bolsonarismo perde espaço e redes sociais deslocam-se para a esquerda

Foram comparadas as posições de mil influenciadores no Twitter de maio de 2019 a agosto de 2020. Segundo levantamento feito pela Folha, das mil contas avaliadas no ano passado, 947 estavam ativas agora. Delas, 66% se deslocaram em direção à esquerda na análise deste ano. O rompimento de Jair Bolsonaro com o lavajatismo é um dos fatores que explica os dados

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: Reuters)


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247 - Boa parte dos influenciadores políticos no Twitter em 2019, primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, está com um público mais à esquerda. Foram comparadas as posições de mil influenciadores na rede social de maio de 2019 a agosto de 2020. Das mil contas avaliadas no ano passado, 947 estavam ativas agora. Delas, 66% se deslocaram em direção à esquerda na análise deste ano, apontou um levantamento publicado no jornal Folha de S.Paulo.

De acordo com pesquisadores, o rompimento do bolsonarismo com o lavajatismo é um fator importante para explicar o movimento à esquerda de influenciadores.

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Professor do curso de gestão de políticas públicas da USP, Pablo Ortellado destacou que "a ruptura na direita entre bolsonaristas de um lado, lavajatistas e liberais anti-autoritários de outro, não foi apenas movimento das elites, mas também do público, que se segregou". 

"Houve grande mudança de roupagem do governo nos últimos 12 meses", afirmou Pedro Bruzzi, sócio da consultoria Arquimedes, que analisa a discussão política nas redes sociais.

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Bruzzi também citou como exemplo de mudança na posição de Bolsonaroo alinhamento com o centrão, grupo que o presidente vinha atacando. "Moro não ficou mais esquerdista, continua extremamente conservador, por exemplo. O governo é que radicalizou suas posições. Quem não concorda é expelido para longe".

As contas com perfis de seguidores posicionados nos pontos extremos da direita tiveram as maiores variações no período. Depois de criticar Bolsonaro, ganharam seguidores mais ao centro.

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A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), por exemplo, tinha no ano passado a média dos seus seguidores na escala ideológica de 84 pontos. A escala vai de 0 (ponto mais à esquerda) a 100 (mais à direita). Depois de romper com Bolsonaro, a parlamentar foi para a posição 66 (próxima ao centro).

"Houve claro movimento de reposicionamento de Bolsonaro", disse o professor de ciência política da UFMG (federal de Minas Gerais) Felipe Nunes, diretor da Quaest (consultoria que analisa popularidade de figuras públicas em redes sociais). "Ele se distanciou de gente que o apoiava, tornando sua base mais coesa e homogênea".

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A maior variação entre o perfil dos seguidores de 2019 com os novos de 2020 foi da conta do senador Fabiano Contarato (Rede-ES). Ex-delegado, ele foi duro com Moro, ainda ministro, em comissão no Congresso, no ano passado, e denunciou Bolsonaro na ONU - Organização das Nações Unidas. 

Seus seguidores em 2019 estavam entre os 25% mais à direita. Os novos seguidores estão na outra ponta, entre os 40% mais à esquerda.

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