Biden não vai mudar a essência do imperialismo dos EUA, diz Breno Altman

“Os democratas passaram a fundir o neoliberalismo e o imperialismo com uma agenda de direitos civis que os torne atrativos para a juventude, para as mulheres e para os negros”, analisou o jornalista na TV 247. Assista

Breno Altman e Joe Biden
Breno Altman e Joe Biden (Foto: Felipe Gonçalves/Brasil 247 | REUTERS/Joshua Roberts)


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247 - O jornalista e editor do site Opera Mundi, Breno Altman, falou à TV 247 sobre a postura imperial dos Estados Unidos após o presidente eleito, Joe Biden, assumir a Casa Branca. Para ele, os discursos de Biden sobre direitos civis e humanos são mera maquiagem para conquistar eleitores e garantir em sua gestão um comando ‘neoliberalista progressista’.

De acordo com Altman, Biden é um representante dos conservadores do Partido Democrata que viu no pensamento progressista uma oportunidade para se lançar como candidato viável para a juventude, mulheres e população negra norte-americana. “O Biden não quer nenhuma composição com os radicais, mas ele oferece espaço para os liberais, sendo ele próprio um consevrador do establishment do Partido Democrata. Seu governo vai adquirindo um desenho de coalizão entre o establishment conservador do Partido Democrata e os liberais. O capitalismo norte-americano, na opinião de uma parcela dos pensadores da burguesia americana, já não necessita mais estruturalmente, e economicamente, de instrumentos como racismo, misoginia e machismo. No período anterior de acumulação da capitais, tanto o racismo quanto a misoginia e o machismo eram instrumentos fundantes do capitalismo estadunidense. Então os democratas passaram a fundir o neoliberalismo e o imperialismo com a aceitação parcial de uma agenda de direitos civis, direitos humanos, que os torne atrativos para a juventude, para as mulheres e para os negros. O governo Biden vai se estruturando em torno desse eixo do neoliberalismo progressista, como fizeram Barack Obama e Bill Clinton. Isso significa alguma alteração estrutural na política imperialista, no capitalismo norte-americano? Não”.

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Combate ao neoliberalismo no Brasil

Para o jornalista, apesar dos novos rumos que parece tomar a América Latina, a exemplo do Chile, Argentina e Bolívia, que retornaram a governos ou ao menos ideais de esquerda, o Brasil segue a reboque do neoliberalismo porque a esquerda está ainda fragilizada.

Altman afirmou que o Brasil ainda precisará de tempo para se curar dos golpes que recebeu nos últimos anos para, aí sim, entrar na briga contra os neoliberalistas. “A esquerda vem de um processo de derrotas estratégicas já duradouro e muito recente, ainda não houve cicatrização das feridas, ainda não se processou o luto, as massas ainda estão abatidas. Olha quanto tempo levou no Chile para o tempo histórico permitir a reemergência das forças populares ali. Em outros tempos o Brasil estava na vanguarda das mudanças da resistência, hoje ele está na retaguarda. Nós somos a última linha de combate. A América Latina está entrando em um período de contraofensiva popular e o Brasil está na retaguarda”.

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