Barbosa agora posa de defensor de jornalistas

Depois de chamar de "palhaço", mandar "chafurdar no lixo" e interromper pergunta de jornalista do Estadão, presidente do STF tem agenda de atividades em torno da liberdade de imprensa; hoje, às 19h00, se avista com o relator especial da ONU sobre Liberdade de Expressão, Frank de La Rue; será que dirá ser uma espécie de reencarnação de José do Patrocínio?

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Gisele Federicce _247 – Curiosamente, depois de protagonizar um episódio polêmico contra o repórter Felipe Recondo, do jornal O Estado de S.Paulo, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, trabalha com uma agenda positiva sobre a questão da liberdade de expressão, principalmente relacionada à imprensa. Na terça-feira, além de não responder às perguntas que o jornalista faria a ele – não o fez, pois foi interrompido por Barbosa – o ministro o chamou de "palhaço" e o mandou "chafurdar no lixo".

Nesta quarta-feira 6, Barbosa recebeu das mãos de dois jornalistas um relatório do Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ) sobre a situação dos países americanos em relação às ameaças à liberdade de imprensa. A publicação "Ataques à Imprensa – Jornalismo na Linha de Frente" foi entregue por dois jornalistas: Carlos Lauría, coordenador sênior do programa da CPJ para as Américas e Mauri König, diretor da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) – que pessoalmente já sofreu ameaças por coordenar uma série de reportagens sobre a Polícia do Paraná e precisou sair do País.

O relatório revela que o Brasil ocupa o terceiro lugar nas Américas (atrás da Colômbia e do México) e o 11º lugar mundial no índice de impunidade contra crimes praticados contra jornalistas em represália direta por suas reportagens. Em 2010, a CPJ registrou um assassinato. Em 2011 foram três e, em 2012, quatro. As principais preocupações em relação ao Brasil dizem respeito ao aumento abrupto da violência letal contra jornalistas, o agravamento da impunidade e a alegada omissão do governo brasileiro em apoiar a liberdade de imprensa em fóruns internacionais.

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Ainda nesta quinta-feira, para completar a agenda em defesa do tema, Barbosa recebe o relator especial da ONU sobre Liberdade de Expressão, Frank de La Rue. Em dezembro, ele já esteve no Brasil, quando participou de debates promovidos pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, pela campanha "Para expressar a liberdade – Uma nova lei para um novo tempo". Na ocasião, ele defendeu que o direito à liberdade de expressão é um direito humano, "e não um direito absoluto".

As agressões de Barbosa não foram físicas, mas não há dúvidas de que houve violência contra o jornalista por parte do ministro, que não o deixou realizar seu trabalho e ainda o xingou. Segundo a coluna Painel, da jornalista Vera Magalhães, da Folha de S.Paulo, Recondo investigava a gastança na corte suprema – despesas com reformas nos gabinetes e apartamentos dos ministros, além de viagens. Para o STF, porém, que pediu desculpas depois do episódio, a agressão foi motivada pelo "cansaço" e por "fortes dores" de Barbosa, que acabava de sair de uma sessão no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

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A julgar pela agenda, Joaquim Barbosa, mais um pouco, vai lembrar o grande José do Patrocínio (1853-1905), o jornalista abolicionista que militou nos tempos duros da escravidão sem medo dos poderosos.

Com informações do STF

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