Ataque de Cantanhêde a Janja é como a declaração de uma mãe machista que protege o filho abusador, diz Carol Proner
A advogada e jurista Carol Proner critica o "discurso altamente machista contra Janja"
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
247 - As declarações preconceituosas, desrespeitosas, eivadas de machismo e espírito antidemocrático da jornalista Eliane Cantanhêde, comentarista política da GloboNews na noite de sexta-feira (11), sobre o papel da socióloga Rosângela Lula da Silva, a Janja, esposa de Lula e futura primeira-dama do país, foram alvo de severa crítica de destacadas personalidades femininas.
A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, a deputada federal Erika Kokay, a cantora Daniela Mercury, a Lilia Schwarcz, antropóloga, historiadora e professora da USP, reagiram no sábado, com fortes declarações em defesa de Janja e em repúdio aos comentários maldosos da jornalista.
Neste domingo (13), Carol Proner, advogada, jurista, articulista atuante nas áreas do Direito internacional e dos Direitos Humanos, fundadora da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia e integrante do Grupo Prerrogativas declarou ao Brasil 247 que "chama a atenção quando uma mulher esclarecida e bem posicionada adensa a cultura machista e cerra fileiras para consolidar o poder masculino e os limites do poder feminino".
Segundo Carol Proner, "em última instância, a jornalista cultiva a culpa feminina, a culpa da mãe machista defendendo um código de valores para justificar as próprias escolhas, a culpa como trunfo do patriarcalismo para desencorajar mulheres ao exercício da liberdade."
Carol Proner sublinha a coincidência temporal entre o momento em que via um filme e aquele em que a jornalista destilou na Globonews seu preconceito contra Janja: "Curiosamente no dia em que a jornalista Eliane Cantanhêde proferiu um discurso altamente machista contra Janja e contra outras ex primeiras-damas brasileiras, eu terminava de assistir o último capítulo de ALBA, versão espanhola e melodramática da série turca Fatmagül’ün Suçu Ne, que igualmente trata de violação sexual. A impressão que tive foi a de que a jornalista da GloboNews bem poderia se encaixar no papel da mãe do abusador que, até o final da trama, defendeu o comportamento prepotente do herdeiro exercido, em último ato, como crime sexual. A mãe protegeu o filho tão cegamente que foi incapaz de reconhecer ter sido, ela própria, vítima de abusos semelhantes durante toda uma vida". Carol ressalva que não tem interesse em "ofender a jornalista, que certamente saberá reconhecer, no íntimo, as inúmeras vezes em que precisou enfrentar-se à cultura patriarcal para trilhar caminho próprio".
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247