'Aprovação da PEC Kamikaze é a essência da atividade de partidos de baixa representatividade', diz William Waack
"É bastante óbvio que a ''sensibilidade social' de dirigentes políticos se torna mais aguda na época de pedir votos", afirma o jornalista
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247 - O jornalista William Waack afirma, em sua coluna no jornal O Estado de S. Paulo, que” armadilha política da aprovação da PEC Kamikaze fechou-se como se previa: o conjunto das forças políticas suporta a compra de votos disfarçada de medida de emergência” e que “esse agrado oportunista ao eleitor é a essência da atividade de partidos de baixa representatividade, sem lideranças de expressão genuína, voltados para a defesa de interesses privados, regionais, corporativistas ou segmentados”.
“‘Armadilha’, pois votar contra em nome de princípios significava ficar mal com o eleitor. Votar a favor era prestar ajuda a Bolsonaro, ainda que os dividendos eleitorais da PEC sejam duvidosos. Entre princípios e caridade, mesmo a oposição séria e genuína a Bolsonaro se agarrou a uma frase: ‘É a miséria, estúpido’”.
“É bastante óbvio que a ‘sensibilidade social’ de dirigentes políticos se torna mais aguda na época de pedir votos, o que não é uma peculiaridade brasileira. No fundo, a aprovação da PEC traduz um cenário abrangente muito mais preocupante do que a indisciplina fiscal, o desrespeito claro à institucionalidade (muda-se a Constituição ao sabor do momento político imediato) e a burla às normas eleitorais”, ressalta o jornalista.
Ainda segundo Waack, “em termos sociais, o ‘estado de emergência’ com a qual se justificam as bondades eleitoreiras é o de um país que voltou ao mapa da fome, enquanto se gaba de ser campeão mundial de produção de alimentos. Não importa a denominação política do governante de plantão, discutem-se, no fundo, as mesmas mazelas de sempre. Pode-se dizer que não há sistema político que funcione quando, na base, o que persiste é doença, miséria e ignorância”
“Nesse sentido, ‘emergência’ é nosso estado permanente”, finaliza.
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