Altman: manifesto "Juntos" não vai criar clima de diretas-já
O jornalista Breno Altman chamou de “fantasia do jornal Folha de S.Paulo” considerar o manifesto "Juntos", assinado por nomes como Fernando Haddad e FHC, uma ação semelhante ao movimento Diretas Já. “O jornal inventou uma matéria para atrair a esquerda para uma lógica de oposição a Bolsonaro capitaneada pela centro-direita. É um truque”, elucidou o jornalista
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247- O jornalista Breno Altman, em participação no programa Bom dia 247 desta segunda-feira (1), chamou de “fantasia do jornal Folha de S.Paulo” considerar o manifesto Juntos, lançado neste sábado (1), como uma ação semelhante ocorrida no movimento Diretas Já. “A Diretas Já foi um movimento completamente distinto, nasceu de um pacto entre a oposição popular e o setor mais radizadizalizado liberal de oposição à ditadura, representando por Ulysses Guimarães”, explicou Altman.
“O movimento que está em curso agora, que a Folha tenta dar um clima de Diretas, tem um outro intuito, busca o tom da hegemonia da direita neoliberal e apenas dá um pedacinho para setores de esquerda, meio que como a cereja do bolo”, acrescentou ele.
O manifesto, lançado neste sábado (29), reúne assinaturas de nomes como Flávio Dino, Fernando Henrique Cardoso, Fernando Haddad, Lobão e Caetano Veloso, cobra do governo que “exerçam com afinco e dignidade seu papel diante da devastadora crise sanitária, política e econômica que atravessa o país”.
Altman disse que “existe um grande esforço da direita tradicional, que se concentra no PSDB, no DEM, nos meios de comunicação ou em grupos vinculados às elites empresariais, de renascer uma força ao centro”.
“Ou seja, o país tem vivido uma polarização desde 2016 entre extrema direita e esquerda, as forças da direita tradicional foram atropeladas nas eleições de 2018 e essas forças que controlam o parlamento, que possuem uma força sobre o poder Judiciário, querem renascer, para isso elas combatem o bolsonarismo e isolam a esquerda”, avaliou o jornalista.
No manifesto, não constam nomes como os dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff. Na visão de Altman, “isolar a esquerda, fundamentalmente, consiste em isolar o PT, o Lula, a Dilma, as vozes que governaram o país entre 20003 e 2016”.
“Eu não estou com isso dizendo que quem assinou o manifesto esteja vinculado ao projeto de renascimento da direita neoliberal, mas, a direita neoliberal que impulsiona este manifesto, tem essa lógica”, acrescentou ele em sua análise, referindo-se ao o fato de Flávio Dino e Fernando Hadadd terem assinado o manifesto.
O jornalista ainda fez um alerta: “A esquerda precisa ficar atenta, final, ela vai funcionar como quinta roda da direita neoliberal? Suas lideranças irão se somar a iniciativas que não passam pelo campo da esquerda?”.
“O manifesto não fala da saída do Bolsonaro, não ataca o programa neoliberal do governo, não faz uma citação crítica que seja à operação Lava Jato, que é a mãe do neofascismo, não condena a tutela militar. É a isso que a esquerda vai se somar? Eu acho um grau de equívoco”, salientou ele.
Lula teve a oportunidade de assinar o manifesto, mas não o fez, como apurou o jornalista Leonardo Attuch. Altman considera que o “ex presidente fez bem em não assinar o manifesto”. “A ideia de construir um campo com a direita neoliberal tem sido criticada pelo PT, uma crítica correta”, concluiu.
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