A César o que é de César

O caso da reportagem de Veja do primeiro fim de semana de junho causou espanto, já que a revista tem como praxe patrulhar práticas como essa, do plágio



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Uma das grandes lutas travadas no meio acadêmico hoje se dá contra um inimigo fortíssimo: o plágio.  Entretanto, sua extinção está muito mais distante do que se gostaria, uma vez que é prática comum em todas os níveis, seja na produção de uma monografia de fim de curso, seja em uma tese de doutorado de uma ciência dura.

Há um ano, o ministro da Defesa alemão, Karl-Theodor zu Guttenberg, pediu demissão de seu cargo após a descoberta de que trechos de sua tese teriam sido plagiados. Sua situação ficou insustentável por conta de pressão da própria academia ­– que, na Alemanha, é levada a sério.

Mais recentemente, o Chefe de Estado húngaro, Pál Schmitt, renunciou ao cargo após a perda do título de Doutor por conta das denúncias de plágio em sua tese. Nesse caso, todavia, o acusado afirmou que iria recorrer da decisão da comissão que lhe retirou o título.

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No Brasil, o ministro da Educação, Aloízio Mercadante, também foi alvo de acusações de autoplágio em sua tese de doutorado na Unicamp.  Embora o debate não tenha ido adiante – como no próprio caso do "Doutoramento" da presidenta –, seria importante um trabalho mais sério na análise dessa prática pelas próprias universidades e pelas agências de fomento.  Isso porque muitas vezes se financiam pesquisas que não levarão a nada de novo. Apenas enriquecerão o currículo dos professores.

Por conta da repercussão dada a casos como esses, não se esperaria que houvesse casos semelhantes na imprensa. O caso da reportagem de Veja do primeiro fim de semana de junho causou espanto, já que a revista tem como praxe patrulhar práticas dessa natureza. Dessa vez apostaram na falta de memória de longo prazo da maioria dos brasileiros. Não deu certo.

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No entanto, a discussão parece não ter rendido.  É uma pena.  Ao não se dar a referência sobre um comentário, não se está apenas apoderando-se de algo que não é seu. Ao agir dessa forma, o jornalista não mostrou qualquer consideração por um colega de trabalho, por seu trabalho intelectual.

Como no caso de Mercadante e Dilma, a discussão tende a cair no esquecimento.  Resta-nos lamentar, já que o debate certamente traria bons frutos e contribuiria sobremaneira com o trabalho realizado tanto na academia como na própria mídia.  Não se discute que toda fala é polifônica, revestida do discurso de outros, mas devemos dar a César o que é de César.

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Gerson Rodrigues é professor universitário

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