Vale classifica como “absurda” indenização que equivale a lucro que obtém em pouco mais de 4 minutos

Segundo cálculos dos advogados, a mineradora levaria 255 segundos (4 minutos e 15 segundos) para lucrar R$ 1 milhão, valor da indenização por cada trabalhador morto no rompimento da barragem Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG)

Danos causados pelo rompimento da barragem de Brumadinho (MG)
Danos causados pelo rompimento da barragem de Brumadinho (MG) (Foto: Antonio Cruz - ABR)


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Brasil de Fato - A mineradora Vale apresentou recurso ordinário para recorrer da decisão de 1ª instância que a condenou a pagar R$ 1 milhão de indenização por cada trabalhador morto no rompimento da barragem Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). A importância é referente aos danos morais pelo sofrimento causado. No recurso, os advogados da Vale classificaram o valor como um “absurdo”.

O recurso foi interposto na segunda-feira (5) à 5ª Vara do Trabalho de Betim (MG), onde corre a Ação Civil Coletiva proposta pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Extração de Ferro e Metais Básicos de Brumadinho e Região (Metabase). A ação representa os 131 trabalhadores diretos (não terceirizados) e reivindicou inicialmente o valor de R$ 3 milhões por cada trabalhador. Valor este reajustado a R$ 1 milhão pela juíza Viviane Célia Ferreira Ramos Correa.

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A indenização é referente ao dano moral causado pelo sofrimento por uma morte tão dolorosa e pelo abreviamento das vidas dos trabalhadores. A empresa fez acordos com algumas das vítimas frente a danos morais pessoais, porém, o Metabase Brumadinho sustenta que esse pagamento não se confunde com a indenização por dano moral pela morte dos trabalhadores.

Insensibilidade da empresa

O advogado do sindicato, Maximiliano Garcez, destaca a insensibilidade da empresa. “A vale, apesar de ter dito que tem sensibilidade à questão, apesar de uma movimentação mundial de entidades de trabalhadores pressionando que a Vale indenize pelo dano moral dos mortos, ela acabou de maneira contraditória recorrendo, e ainda alegando que o valor é absurdo”, comentou.

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Segundo cálculos dos advogados, a mineradora levaria 255 segundos (4 minutos e 15 segundos) para lucrar R$ 1 milhão. O valor é calculado com base no lucro de R$ 30 bilhões que a empresa obteve no primeiro trimestre de 2021. Caso a Justiça mantenha o valor das indenizações, a empresa gastará o lucro referente a apenas 9 horas de funcionamento.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que acompanha os atingidos desde o primeiro dia após o crime, concorda que o caso é de insensibilidade. “O fato da Vale recorrer mostra que a empresa coloca o lucro acima de tudo e de todos”, avalia Joceli Andreoli, integrante da coordenação do MAB.

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“Essa situação leva a mais sofrimento dos familiares, que já sofreram há dois anos com a perda de seu ente e agora sofrem ainda mais na luta para que se faça justiça a esse crime”, completa Joceli.

A Vale foi procurada pela reportagem, mas não respondeu até a publicação da matéria.

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